Extrações dentárias são procedimentos comumente realizados no consultório odontológico, mas isso não é fator impeditivo para complicações nos procedimentos. Por isso, é fundamental que o cirurgião dentista informe as principais recomendações pós-procedimento. Dessa forma, preparamos um artigo completo sobre extração de dente: repouso e pós-operatório. Confira!
Pós-operatório
O paciente deve evitar ao máximo o consumo de bebidas alcoólicas e tabaco, tanto antes quanto depois do procedimento cirúrgico, já que ambos dificultam a cicatrização e podem favorecer complicações
O paciente deve colocar a compressa de gelo no primeiro dia após o procedimento para diminuir o inchaço e os possíveis hematomas. Isso acontece, pois as baixas temperaturas promovem a vasoconstrição local.
A alimentação, nos primeiros momentos, deve se restringir aqueles gelados, como sorvetes e picolés. Em um segundo momento, há a liberação de alimentos mornos, dando preferência sempre aos com consistência macia.
A limpeza do local operado deve ser feita com uma escova com cerdas macias e uma pequena quantidade de creme dental, ou ainda hastes flexíveis com ponta de algodão. O paciente deve evitar bochechar durante os quatro primeiros dias, já que o ato pode prejudicar a recuperação.
O paciente deve sempre seguir as indicações prescritas pelo cirurgião dentista corretamente, como, por exemplo, o horário das medicações. Isso permite com que o trauma seja cicatrizado rapidamente e não hajam complicações.
Repouso
Os indivíduos que realizam um procedimento cirúrgico precisam ficar, pelo menos, as 24 horas que se sucedem em repouso. Este passo do pós-operatório da extração dentária é de suma importância para que o paciente tenha uma boa cicatrização.
Com a diminuição de atividades que demandam esforço físico, não há um aumento do estímulo da circulação sanguínea do local operado. Como consequência, reduzem-se as chances de sangramentos e infecções. Pelo mesmo motivo, o indivíduo também não deve se expor ao sol, nem a ambientes com altas temperaturas, como ficar próximo ao fogão. O paciente deve ficar deitado de modo que a cabeça fique mais elevada do que o restante do corpo.
Cicatrização
A cicatrização de uma extração dental deve passar por algumas etapas. A primeira delas é a hemorragia e a formação do coágulo. O procedimento afeta os capilares que se encontram em torno do dente, ocasionando uma hemorragia. Para combater uma elevada perda de sangue, a cascata de coagulação se torna responsável por formar um coágulo de sangue no alvéolo, através da rede de fibrina.
Por volta do segundo dia, inicia-se a organização do coágulo com tecido de granulação. Nesse momento as células do sistema imunológico se locomovem até o local, formando um tecido de granulação. Este tecido é gradualmente trocado por tecido conjuntivo, o que ocorre de 5 a 7 dias após o procedimento. Cerca de 30 dias depois da cirurgia, os osteoblastos e condroblastos realizam a mineralização óssea, e, depois de 3 meses, há a reorganização da crista alveolar e sua substituição por tecido ósseo maduro.
No entanto, em alguns casos, a cicatrização não ocorre da maneira devida e podem ser observadas algumas complicações no período pós-operatório.
Complicações no procedimento de extração dentária
As complicações advindas da cirurgia podem aparecer no período pós-operatório da extração dentária, e se dividem em complicações intra operatórias ou pós-operatórias. Quanto ao segundo caso, elas ainda podem ser divididas em complicações locais ou sistêmicas. As complicações locais podem ter várias origens, como a infecciosa, hemorrágica, mecânica, nervosa ou tumoral.
As complicações locais são mais comuns e de menor gravidade, e o próprio paciente pode percebê-las por dores exorbitantes e incômodos.
Alveolite seca
A alveolite seca é a complicação mais comum encontrada no pós-operatório da extração dentária. É caracterizada por seu quadro clínico de dor intensa e irradia no alvéolo e seu redor, principalmente nos momentos de mastigação e sucção, de maneira a se tornar resistente a analgésicos.
Observa-se também episódios de halitose e mau sabor na boca. O profissional realiza o diagnóstico clínico após observação. Nesses casos, o alvéolo se encontra vazio, as paredes ósseas estão expostas e os bordos gengivais separados.
Histologicamente, a alveolite seca faz com que a presença de neutrófilos e basófilos nos tecidos vizinhos aumente, enquanto é observada uma osteíte circunscrita à lâmina alveolar. A complicação surge de 2 a 4 dias após o procedimento cirúrgico e pode durar de 5 a 15 dias
Fatores de risco para a alveolite seca
Os fatores de risco para a ocorrência da alveolite seca são diversos, incluindo:
- Carga bacteriana presente na boca: a pobre higiene bucal, assim como infecções pre-existentes, estão relacionadas a um maior risco da complicação;
- Dificuldade do período cirúrgico: cirurgias mais complexas e com maior trauma, possuem maiores chances de desencadearem a alveolite seca;
- Presença de fragmentos de osso no alvéolo: principalmente quando não são exteriorizados pelo epitélio oral;
- Remoção física do coágulo: a remoção do coágulo pode se relacionar a uma maior irrigação do alvéolo; nesses casos, há um aumento do risco de infecção
- Baixa vascularização dos tecidos.
Ainda, consideram-se mulheres um público de risco para o desenvolvimento da doença, já que o estrogênio interage com o sistema fibrinolítico, desintegrando o coágulo sanguíneo e tornando a região exposta a infecções. O uso de contraceptivos orais aumenta a carga de estrogênio no organismo, o que aumentaria tal risco. Além disso, a alveolite seca é mais encontrada nos molares mandibulares do que nos molares maxilares. Isso acontece porque a região mandibular é mais vascularizada. No que diz respeito a dificuldades no processo de cicatrização, o profissional dentista deve se atentar aos pacientes imunossuprimidos e diabéticos.
Tratamento da alveolite seca
O tratamento consiste no alívio da dor, que pode ser feito por anestesia local, remoção das suturas e irrigação do alvéolo com soro fisiológico. Podem ser administrados ainda medicações intra-alveolares, como os curativos antimicrobianos, calmantes e anestésicos locais.
Alveolite supurada
É uma variação menos encontrada da alveolite. Nesse caso, o alvéolo não se encontra vazio, dada a presença de restos de coágulo sanguíneo com granulações e pus. A dor da complicação é menos intensa que a da alveolite seca.
Sinusite
Sinusite é a infecção dos seios paranasais e pode ocorrer como consequência de procedimentos odontológicos. As raízes dos dentes maxilares se encontram próximo ao seio maxilar, o maior dos seios paranasais. Por esse motivo, infecções ou granulomas periapicais, presentes no alvéolo, podem se locomover até o seio maxilar, gerando a sinusite. Os sintomas encontrados são a sensação de pressão na face, congestão e corrimento nasal, febre, halitose, fadiga e tosse.
O diagnóstico pode ser feito por uma radiografia panorâmica, que mostra a posição dos dentes superiores em relação ao seio, além de indicar a presença de corpos estranhos no alvéolo. O profissional deve iniciar o tratamento pela retirada desses corpos, e posteriormente, deve ser prescrito o uso de antibióticos e descongestionantes nasais.
Trismo
É caracterizado pela contração de músculos da mastigação, inviabilizando a abertura da boca de maneira correta. Tal complicação está muito relacionada à extração do terceiro molar e pode ocorrer quando se aplica a anestesia de maneira incorreta, lesando o músculo pterigoideo interno. Além disso, pode estar relacionada a espasmos musculares, reflexo antiálgico e lesões da articulação. Nessas situações, indica-se a aplicação de calor seco e o uso de medicamentos para aliviar a dor e a inflamação.
Conduta do cirurgião dentista
Portanto, diante das complicações que podem surgir no período pós-operatório da extração dentária, é importante que o profissional da odontologia se certifique de que seu paciente está passando pelos procedimentos de maneira correta. Dessa forma, o profissional da odontologia pode enviar lembretes sobre a importância do repouso e outros cuidados sempre que achar necessário.