Estalos na mandíbula ocorrem com frequência, porém como normalmente não são acompanhados de dor, muitos pacientes não buscam ajuda profissional para tratar especificamente este caso, sendo assim, é muito importante ser observado na anamnese, para descobrir exatamente por que isso acontece e como orientar corretamente seu paciente.
Quais são as causas dos estalos mandibulares? Qual a melhor forma de tratamento?
Neste artigo vamos explicar tudo que você precisa saber sobre o tema.
Quais as principais causas dos estalos na mandíbula?
Para entendermos as causas precisamos revisar a anatomia dos maxilares. Esta é composta por dois ossos: o osso maxilar e o osso mandibular, os dois são conectados através da articulação temporomandibular (ATM).
A ATM possui um disco articular fibrocartilaginoso que impede o atrito entre a mandíbula e o osso do crânio durante os vários movimentos mandibulares:
- Deglutição;
- Mastigação;
- Fala;
- Bocejar;
No movimento de abertura, o côndilo gira sobre si mesmo e avança, e o disco articular segue o movimento enquanto avança. Diferentes músculos permitem movimentos da mandíbula ao redor dessa articulação, em três dimensões: da frente para trás, da esquerda para a direita, de baixo para cima.
Afinal, por que acontecem os estalos na mandíbula?
O ruído articular está relacionado ao deslocamento anterior deste disco articular durante a abertura da boca, conhecido como luxação discal com recaptura, geralmente não é grave, porém mostra que algo não está funcionando corretamente.
Quando a boca está fechada, o disco não está mais interposto entre a mandíbula e o crânio; quando reabrimos a boca, o disco volta ao seu lugar, entre o côndilo e o osso do crânio. O estalo da mandíbula corresponde justamente à passagem do côndilo sob o disco articular. Esse estalo se manifesta por uma sensação de que a mandíbula está bloqueada.
Causa dos estalos na mandíbula
Alguns indivíduos são mais propensos a desenvolver deslocamento de disco e as causas mais comuns são:
- Trauma: traumas na face podem ocasionar o deslocamento ou mau posicionamento da articulação. Os traumatismos diretos, traumatismos por chicote, traumatismos em galho verde de infância, aonde até os 10-12 anos a cartilagem da cabeça da mandíbula ainda está em formação.
- Doenças autoimunes,
- Bruxismo: O bruxismo causa um estresse excessivo na articulação, podendo causar o deslocamento do disco. Ranger os dentes tanto lateralmente (bruxismo excêntrico) como apertar os dentes (bruxismo cêntrico), ambos são prejudiciais para a articulação.
- Má oclusão dentária: dentes mal posicionados, ou a ausência dos dentes provocam uma movimentação incorreta da articulação e consequente sobrecarga.
- Anormalidades anatômicas da mandíbula: A mandíbula pode estar posicionada muito para trás (retrognatia), muito para frente (prognatia) ou desviada para um lado (laterognatia).
- Um distúrbio postural: Alguns especialistas acreditam que para compensar a má postura e garantir estabilidade da cabeça a mandíbula age como um pêndulo, sendo assim, tem a musculatura e ligamento sobrecarregados.
- Infecções bacterianas,
- Artrite.
Quais são os sintomas associados?
Os estalos na mandíbula normalmente ocorrem no momento da abertura bucal. Dessa forma, pode ser apenas o barulho, mas também a sensação de algo na mandíbula “se mexendo”. Esse fenômeno pode ocorrer isoladamente, sem nenhuma dor ou desconforto, ou regularmente, podem ser observados outras manifestações como:
- Dor nas articulações na frente da orelha;
- Dificuldade para abertura bucal;
- Dor de cabeça;
- Dores ou alterações auriculares;
- Sensibilidade dos músculos da mandíbula.
Complicações que podem ser ocasionadas caso não ocorra o tratamento
Se não ocorrer o diagnóstico e quando necessário o tratamento correto, a disfunção pode evoluir e gerar problemas ainda mais graves como, por exemplo, a síndrome de Costen.
Sintomas mais severos:
- Dor nas articulações ao abrir e fechar a boca;
- Diminuição da mobilidade da mandíbula;
- Dor de ouvido;
- Zumbido no ouvido;
- Dores de cabeça;
- Vertigens
- Crepitações;
- Bloqueio da mandíbula.
Como tratar os estalos na mandíbula?
O tratamento é baseado em sanar ou amenizar a causa, portanto o primeiro passo é uma boa anamnese para verificar a origem e se os estalos provocam desconforto, uma incapacidade diária ou alterações em outras áreas do corpo.
Exames de imagens são bons auxiliares para os casos mais graves. Para o estudo das estruturas internas e tecidos moles da ATM, a imagem por ressonância magnética é o exame de escolha. Através desta técnica a posição exata dos discos articulares pode ser detectada, bem como a homogeneidade dos mesmos, o grau de distensão ou ruptura dos ligamentos, a presença de edema, necrose medular e outras manifestações patológicas, permitindo o planejamento da abordagem terapêutica.
Para o estudo das estruturas ósseas utiliza-se a tomografia computadorizada como a escolha mais correta, podendo assim visualizar o contorno e cortical nos mínimos detalhes, já o disco articular aparece como uma imagem com densidade muito fraca.
O tratamento pode ser baseado em:
- Assistência odontológica: problemas oclusais são causas muito comuns, portanto ajustes oclusais, confecção de próteses ou implantes podem sanar o problema.
- Tratamento ortodôntico na presença de má oclusão;
- Tratamento do bruxismo: neste caso, além do uso de placas mio-relaxantes, principalmente à noite, será necessário verificar a causa do bruxismo, o que normalmente envolve o controle de estresse.
- Fisioterapia mandibular, para aprender a relaxar os músculos da mandíbula e da deglutição.
- Estimulação elétrica da musculatura;
- Cirurgia Ortognática: em caso mais graves e quando há mau posicionamento da mandíbula.
- Correção postural: nos casos de desequilíbrio postural, as técnicas manuais como a osteopatia podem também contribuir, por via de manipulações intra ou extra-orais, para a eliminação de determinados bloqueios, mas também para o restabelecimento do bom equilíbrio geral do corpo;
Estudos relatam que 90% dos casos são amenizados com tratamento conservadores e preventivos.
Conclusão
Os estalos na mandíbula ocorrem devido ao deslocamento anterior do disco articular da articulação temporomandibular, conhecido como luxação discal com recaptura. Dessa forma, o estalo da mandíbula corresponde justamente à passagem do côndilo sob o disco articular. Esse estalo se manifesta por uma sensação de que a mandíbula está bloqueada.
Normalmente não é grave, mas é necessária uma anamnese minuciosa para verificação da necessidade ou não de tratamento. Sendo assim, o tratamento é voltado para sanar ou amenizar a causa observada na anamnese e nos exames clínicos.