O Papilomavírus Humano, mais conhecido pela sigla em inglês HPV, é um vírus que infecta a pele e/ou mucosas, podendo ser oral, genital ou anal, tanto em homens como em mulheres.
A sintomatologia da doença é acompanhada de verrugas anogenitais, lesões ou pequenas verrugas esbranquiçadas na boca, aftas frequentes ou feridas brancas, ou vermelho-claras.
O papel do dentista é de extrema importância do diagnóstico e tratamento da doença, já que a depender do vírus, pode-se desenvolver câncer de orofaringe, sendo a descoberta precoce da infecção essencial.
Sendo assim, devido à grande incidência da doença e o trabalho essencial do dentista a respeito, preparamos um artigo completo sobre o tema. Confira!
O que é o HPV?
O HPV é a abreviação em inglês para papilomavírus humano, um vírus que infecta a pele ou mucosas, sendo uma infecção transitória, regredindo espontaneamente na maioria das vezes, podendo ser assintomática ou não.
O papilomavírus humano é uma infecção sexualmente transmissível, existindo uma variedade enorme do vírus, possuindo mais de 200 tipos diferentes de HPV, sendo que destes, cerca de 40 tipos podem infectar o trato ano-genital, orofaringe e boca.
HPV transmissão
A transmissão do vírus se dá pelo contato direto com a pele ou mucosa infectada, sendo o sexo a via mais comum de transmissão. Dessa forma, o sexo vaginal, anal, oral, e até mesmo a masturbação, podem levar ao contágio da doença, podendo ocorrer mesmo com ausência de penetração.
Outras formas de transmissão menos comum, como infecção vertical (de mãe para feto), saliva, autoinfecção, perfuração ou corte com objetos infectados, também são possíveis.
Na boca, a principal forma de transmissão é através do sexo oral desprotegido. Entretanto, a transmissão também é possível através do beijo, principalmente na presença de alguma lesão bucal que facilite a entrado do vírus.
A infecção por HPV tem maior incidência em pessoas com parceiros múltiplos, sendo o uso de preservativos essencial para diminuir as chances de contágio. Já a infecção por HPV na boca, possui maior incidência também em pessoas que possuem parceiros múltiplos, mas também em fumantes e pessoas com uso excessivo de bebidas alcoólicas.
Quem transmite HPV é o homem?
Devido ao homem infectado pelo vírus, na maioria das vezes, ser assintomático, se criou o mito do HPV ser transmitido apenas pelo sexo masculino. Entretanto, como já mencionado, esse vírus é comumente transmitido através do contato sexual, podendo ser ele do homem para mulher, de mulher para mulher, da mulher para o homem, independente do gênero.
Quanto tempo dura o HPV?
O HPV, em condições habituais, geralmente leva uma média de 12 meses para ser eliminado do organismo, podendo levar até 2 anos para ocorrer. O real combate ao vírus é feito pelo sistema imune do paciente infectado, sendo tratado apenas as doenças causadas pelo HPV.
Apesar da maioria dos casos se comportar como o mencionado a cima, não se sabe ao certo por quanto tempo o HPV pode permanecer inaparente no organismo, podendo a manifestação da infecção ocorrer em meses, e até anos após o contato.
Dessa forma, não se consegue determinar se o contágio foi recente ou antigo, já que muitas vezes o paciente apresenta sintomas devido uma baixa de imunidade.
Primeiros sintomas de HPV
Como já relatado, a maioria dos casos são assintomáticos. Entretanto, a infecção pode se manifestar de duas formas, sendo elas:
- Lesões clínicas: se apresentam como verrugas, tecnicamente conhecidas como condilomas acuminados, mas popularmente conhecidas como “crista de galo”. Essas verrugas se apresentam de forma única, ou múltipla, apresentando tamanhos variáveis. Entretanto, as verrugas costumam ser assintomáticas e causadas por tipos de HPV não cancerígenos.
- Lesões subclínicas: podem ser encontradas na região genital, anal e oral, podendo ter como causa tipos de HPV de alto e baixo risco para desenvolvimento de câncer.
Na boca, os principais sintomas são:
- Lesões ou pequenas verrugas esbranquiçadas, que podem se apresentar na boca ou garganta, podendo se juntar e formar placas;
- Dor de garganta constante;
- Aftas frequentes nas bochechas, bordas da língua ou céu da boca;
- Feridas com coloração vermelha-clara, brancas ou da cor da pele do paciente;
- Rouquidão;
- Dificuldade para engolir;
- Garganta inflamada constantemente;
- Tosse com sangue.
É muito importante o dentista saber diagnosticar e ficar atento aos relatos dos pacientes. Isso se deve, pois a maioria dos diagnósticos de HPV na boca, são feitas em consultas de rotina ao dentista. Dessa forma, ao perceber algo que indique uma possível infecção pelo vírus, deve-se encaminhar o paciente ao médico, para realização de biopsia.
HPV tratamento
A maioria dos casos de infecção por HPV curam de maneira espontânea, sendo sua manifestação assintomática, e muitas vezes o paciente não descobre a infecção.
No entanto, o tratamento das verrugas e lesões deve ser individualizado, dependendo da quantidade e localização das lesões.
Vários são os tratamentos existentes para o tratamento das verrugas e lesões. No caso de lesões genitais e anais, pode-se utilizar pomadas imunossupressoras, cirurgia e cauterização. Já para as lesões na boca, os mais comuns são a utilização de lazer, cirurgia, crioterapia ou o uso de medicamentos, como ácido tricloroacético a 70 ou 90% ou interferon alpha, 2 vezes por semana, durante cerca de 3 meses.
De maneira geral, o tratamento vai depender da região afetada e da gravidade das lesões.
HPV e câncer
Vários são os tipos de papilomavírus humano, como já mencionado. Entretanto, apesar da maior parte não ser cancerígeno, cerca de 14 tipos de HPV causam câncer.
O câncer mais comum desenvolvido pela infecção é o câncer de colo de útero. Esse câncer é a principal causa de morte de mulheres na América Latina e no Caribe. Dessa forma, o rastreamento de lesões pré-cancerosas em mulheres, seguido do tratamento, é uma intervenção efetiva para prevenir o câncer de colo do útero.
Outro câncer provocado pelo HPV, entretanto menos discutido é o câncer de garganta. Os cânceres de orofaringe, por muito tempo, foram associados ao consumo excessivo de álcool e tabagismo, porém, atualmente vários estudos demonstram a associação direta entre o papilomavírus humano e alguns tipos de câncer.
O câncer de orofaringe relacionado ao HPV pode levar até 30 anos para surgir, sendo comum em pacientes entre 40 e 60 anos. Ainda não se sabe o motivo da rapidez em que esse tipo de câncer se espalha para os linfonodos. Entretanto, devido a tal característica, ocorre um edema perceptível na região do pescoço, sendo o primeiro sintoma desse câncer o aumento dos linfonodos.
Apesar do diagnóstico do câncer de orofaringe relacionado ao HPV costumar ser tardio, ele responde bem à cirurgia e radioterapia. Portanto, a taxa de sobrevida livre da doença, por 5 anos, varia de 90% a 95%.
HPV vacina
Atualmente, existem três vacinas de prevenção contra o HPV aprovadas pela Anvisa no Brasil. Todas as vacinas conferem proteção contra os vírus 16 e 18, que são considerados de alto risco, e são responsáveis por 70% dos casos de cânceres relacionados ao papilomavírus humano.
Já as vacinas quadrivalentes e nonavalente, também protegem contra os tipos 6 e 11, que são considerados de baixo risco, e estão relacionados a 90% dos casos de condilomatose anogenitais e lesões. Ainda, a vacina nonavalente, conferem proteção contra os tipos 31, 33, 45, 52 e 58, sendo estes, relacionados a 20% dos casos de câncer de colo do útero.
O Ministério da Saúde, desde 2014, incorporou no SUS a vacina quadrivalente, com o objetivo principal de prevenção do câncer do colo do útero.
No SUS meninas e meninos de 9 a 14 anos podem se vacinar gratuitamente, sendo o esquema vacinal de duas doses.
Para os que vivem com HIV/aids, submetidos a transplantes de órgãos sólidos/medula óssea e pacientes oncológicos, a faixa etária é mais ampla, sendo ela de 9 a 45 anos para mulheres e homens, e o esquema vacinal é de três doses. Entretanto, no caso de imunossupressão é necessário apresentar prescrição médica.
Ambas as vacinas são indicadas para pessoas que ainda não iniciaram a vida sexual, uma vez que apresentam maior eficácia de proteção de indivíduos que ainda não foram expostos.
Entretanto, na rede particular, as vacinas estão disponíveis para meninas e mulheres de 9 a 45 anos, e meninos e homens de 9 a 26 anos. Sendo assim, orientar sobre a vacina é papel de todo profissional de saúde. Apesar de ser mais eficaz antes do início da vida sexual, os adultos também se beneficiam com a vacina, devendo realizar o esquema vacinal em três doses.
Incidência
O HPV é a IST (infecção sexualmente transmissível), mais comum no mundo, sendo estimado que 25% a 50% das mulheres e 50% dos homens do mundo já tenham contraído algum tipo do vírus, entretanto a maioria dos pacientes são assintomáticos.
No Brasil, pesquisas em parceria com o Ministério da Saúde mostraram que, a prevalência de infecção pelo HPV na população feminina é cerca de 54,6%, e na população masculina cerca de 51,8%. Ainda, os subtipos de alto risco para câncer na população de estudo ficaram entre 35,2% dos pacientes.
Prevenção
A medida mais eficaz de prevenção contra o HPV, atualmente, é a vacinação. Outro ponto importante em relação à doença são os exames preventivos. Dessa forma, o Papanicolau é um exame ginecológico preventivo mais comum para identificação de lesões precursoras de câncer do colo do útero
Outra importante forma de prevenção é o uso de preservativos. Entretanto, apesar de o uso de preservativos ser eficaz na proteção contra a maioria das ISTs, não impede totalmente a infecção por HPV, uma vez que as lesões estão frequentemente em regiões não protegidas pela camisinha, como vulva, região pubiana, bolsa escrotal e perineal. Isto posto, a camisinha feminina, que realiza a cobertura da vulva, se torna mais eficaz que a masculina, se utilizada desde o início da relação sexual.
HPV fotos
Visando auxiliar no diagnóstico, separamos algumas fotos de diferentes tipos de lesão causadas pelo HPV na boca. Confira: