Enterococcus faecalis é uma bactéria Gram-positiva comensal do sistema digestivo humano e de outros mamíferos. Entretanto, apesar de estarem presente no corpo humano, são comumente associados a infecções.

Dentre as infecções ocasionadas pelo Enterococcus faecalis estão as infecções bucais, principalmente as relacionadas a sítios endodônticos. Dessa forma, esses microrganismos estão associados ao insucesso de tratamentos odontológicos e persistências de patologias perirradiculares.

Uma das situações que preocupam os dentistas, e está relacionado a essa bactéria, é a possibilidade de endocardite bacteriana, sendo de difícil erradicação. Sendo assim, outro fator preocupante relacionado a esse microrganismo é a resistência a múltiplos antimicrobianos, dificultando no sucesso dos tratamentos.

Por serem organismos causadores de algumas infecções, principalmente endodônticas, preparamos um texto completo com tudo que você precisa saber sobre essa bactéria. Confira!

O que são Enterococcus faecalis?

Enterococcus faecalis são cocos fermentativos, não esporulados, facultativamente anaeróbios, gram-positivos. São organismos com ótimo crescimento a cerca de 35 °C de temperatura e com crescimento acelerado em meios suplementados com sangue.

Entretanto, embora seja um comensal na microbiota intestinal humana, está associado a inúmeras infecções como bacteremias, endocardites, infecções urinárias, infecções do trato biliar e abscessos intra-abdominais.

Na odontologia, principalmente na endodontia, é importante o entendimento minucioso da microbiologia que atinge os canais radiculares, sendo essencial esse entendimento para o sucesso e eficácia do tratamento. Dessa forma, o entendimento do Enterococcus faecalis é importante, pois o mesmo está associado a casos de insucessos de tratamentos endodônticos e a persistência de patologias perirradiculares.

Ademais, o Enterococcus faecalis é conhecido por possuir mecanismos de defesa que garantem sua sobrevivência quando estabelecido no canal.

Enterococcus faecalis é grave?

Por ser um organismo relacionado a várias infecções sistemas, uma das preocupações é o desenvolvimento da infecção para endocardite. Ademais, a resistência a múltiplos antimicrobianos é outro fator preocupante relacionado a terapêutica do E. faecalis.

Portanto, visando não agravar o quadro do paciente e evitar quadros irreversíveis, é importante uma intervenção terapêutica precoce, além de conhecimento profundo sobre o patógeno.

Endocardite bacteriana

A endocardite bacteriana é a inflamação das estruturas internas do coração, o endocárdio, ocasionada por bactérias. Portanto, a endocardite bacteriana ocorre quando bactérias circulam na corrente sanguínea e alojam-se em válvulas cardíacas.

Um ponto interessante a ressaltar é que corações saudáveis também podem ser acometidos. Entretanto, é mais comum em pacientes que possuem doenças em uma ou mais válvulas cardíacas, devendo se atentar a evolução desse paciente.

Um dos motivos de preocupação relacionados a endocardite bacteriano é que a mesma pode ser fatal. Dessa forma, deve-se oferecer o tratamento adequado para o paciente que possui uma infecção por E. faecalis, se atentar aos fatores de riscos envolvidos, dentre eles a idade, duração da infecção, presença de válvula e a extensão da lesão nas válvulas cardíacas.

Portanto, para o desenvolvimento de uma endocardite bacteriana é necessário um quadro de bacteremia. A bacteremia é a circulação do organismo infeccioso na corrente sanguínea, sendo a melhor forma de prevenção desse quadro uma intervenção precoce.

Sintomas

A infecção bucal por Enterococcus faecalis pode manifestar-se de várias formas. Portanto, essa bactéria é conhecida por sua capacidade de causar diversos problemas dentários e orais, incluindo infecções do canal radicular, periodontite e abscessos dentários.

Alguns dos sintomas comuns associados a infecções por E. faecalis são:

• Dor de dente: especialmente quando a infecção atinge a polpa do dente, podendo se intensificar ao mastigar ou aplicar pressão no dente.
• Sensibilidade a temperaturas: ao ser acometido por uma infecção causada por E. faecalis, é comum os pacientes se queixarem de dentes particularmente sensíveis a alimentos ou bebidas quentes, ou frias.

• Inchaço e sensibilidade na gengiva: outra reclamação recorrente é o inchaço e sensibilidade ao toque ao redor do dente infectado.
• Abscesso: Pode-se formar um abscesso, que é uma bolsa de pus causada pela infecção, próximo ao dente infectado, podendo causar inchaço significativo e dor.
• Mau hálito ou gosto ruim na boca: as infecções orais costumam causar um odor desagradável ou gosto ruim persistente na boca.
• Febre: Embora menos comum, algumas infecções orais podem causar febre.
• Dificuldade de abrir a boca ou engolir: em casos graves, a infecção pode se espalhar para áreas ao redor da boca, dificultando a abertura da boca ou a deglutição.
• Sensação de dente solto: em casos de periodontite, os dentes podem parecer soltos devido à destruição do tecido gengival e do osso que suporta os dentes.

É importante orientar o paciente a procurar atendimento odontológico caso suspeite de uma infecção bucal, pois o tratamento precoce pode prevenir complicações e a propagação da infecção.

Tratamento

O tratamento eficiente por infecções odontológicas ocasionadas por E. faecalis pode envolver várias abordagens. Portando, é uma bactéria geralmente relacionada a infecções endodônticas e conhecida pela capacidade de resistir a diferentes antibióticos e colonizar diferentes ambientes, como o interior dos canais radiculares dos dentes.

Sendo assim, algumas das terapêuticas utilizadas para tratar as infecções relacionadas a esse organismo estão:

• Tratamento endodôntico: são tratamentos que possuem como objetivo principal no tratamento remover bactérias que habitam no sistema de canais radiculares. Dessa forma, isso geralmente acontece através do tratamento de canal no dente afetado, sendo o uso de irrigantes antimicrobianos durante o tratamento endodôntico crucial para eliminar E. faecalis e outros microrganismos.
• Irrigantes e medicamentos intracanais: algumas substâncias podem ser utilizadas durante o tratamento endodôntico, ou adicionadas dentro do canal radicular, como medicação intracanal para eliminar a infecção. Dentre elas podemos citar o hipoclorito de sódio, clorexidina, dentre outros.
• Antibióticos: especialmente em casos onde a infecção está maior, o uso de antibióticos sistêmicos pode ser necessário. Entretanto, o uso do antibiótico deve ser cuidadosamente pensado e considerado, devido à resistência ao E. faecalis por antimicrobianos.
• Revisão do tratamento endodôntico: uma das alternativas, caso a infecção persista após o tratamento inicial, é a revisão do tratamento de canal. Sendo assim, é necessário a reabertura do dente, remoção de todo material de obturação anterior, nova limpeza e desinfecção dos canais, para posterior reobturação do dente.
• Cirurgia endodôntica/apicectomia: nos casos de infecção persistente ao redor da ponta da raiz do dente, pode ser necessária uma apicectomia. Portanto, esse procedimento envolve a remoção da ponta da raiz em conjunto com o tecido infectante ao redor.