Já é de conhecimento geral que a odontologia possui diversas áreas de especialidades, dentre elas está a estomatologia. A origem da palavra vem do grego “estoma” que significa boca e “logia” que significa estudo, logo, é responsável pelo estudo da boca.

A estomatologia brasileira tem evoluído significativamente e é crucial para a saúde pública. Isso ocorre, pois enfatiza a prevenção e o diagnóstico precoce das doenças bucais, além de destacar a necessidade de profissionais qualificados na área.

Porém, olhando literalmente, quando se fala de estudo da boca, muitas vezes, não se compreende a especificidade dessa área, afinal, a odontologia no geral estuda a boca, não é mesmo?

Mas, a estomatologia tem muita importância não só para região bucal, mas para a saúde do indivíduo na totalidade. Por isso, este artigo pretende explicar melhor sobre essa especialidade e sanar as dúvidas que possam cercar esse tema.

O que é estomatologia? 

Como foi introduzido, a estomatologia é uma das diversas especializações da odontologia, assim como odontopediatria, ortodontia, dentística, etc.

A importância do atendimento técnico-científico na estomatologia é crucial para garantir diagnósticos precoces e a prevenção de problemas relacionados à saúde bucal, que muitas vezes são negligenciados na odontologia brasileira.

O dentista especializado nessa área fica responsável pela prevenção, diagnóstico e tratamento das doenças da boca e de manifestações orais, de doenças sistêmicas e também na reabilitação de pacientes com doenças complexas do sistema estomatognático.

Primeiramente, buscando historicamente, a estomatologia foi criada para substituir a Disciplina de Patologia e Terapêuticas Aplicada e inicialmente teve diferentes nomes, como Diagnóstico Bucal, Diagnóstico Oral, Medicina Bucal e Semiologia, para, então, virar estomatologia.

Se considera o reconhecimento dessa área como especialidade tardia, já que aconteceu somente em 1992 e, por isso, tem um número menor de especialista quando comparada a outras áreas.

No Brasil, o reconhecimento da estomatologia como especialidade oficial ocorreu mais tarde do que em muitos países da América do Sul, Europa e Estados Unidos, destacando a necessidade de evolução na formação e no atendimento na saúde bucal brasileira.

Qual a função de um estomatologista? 

A importância da função do estomatologista está na sua função de prevenir e diagnosticar precocemente doenças que afetam o sistema estomatognático e detectar manifestações bucais de doenças sistêmicas.

Isso se faz possível, pois na sua especialidade, o dentista irá estudar todas as lesões que podem acometer a região bucal. O estomatologista é crucial no diagnóstico e tratamento de lesões na mucosa oral.

Dito isso, considera-se sistema estomatognático:

• Lábios
• Bochechas
• Língua
• Articulação Temporomandibular
• Dentes e estruturas anexas
• Maxila
• Mandíbula
• Hioide
• Glândulas

Além disso, o diagnóstico precoce do câncer bucal pelo estomatologista é de extrema importância para o tratamento eficaz.

De forma complementar, conforme o Conselho Federal de Odontologia, o dentista especializado em estomatologia também pode conduzir ou supervisionar atividades de pesquisa e epidemiologia, clínica e/ou laboratorial relacionadas aos temas de interesse da especialidade.

Por fim, também é de sua função realizar e solicitar exames complementares, necessários ao esclarecimento do diagnóstico, bem como adequar ao tratamento.

Principais atuações da estomatologia:

Compreender as principais atuações dos estomatologistas auxilia profissionais e pacientes a procurarem esses profissionais quando necessário.

A estomatologia contribui significativamente para a qualidade de vida dos pacientes, prevenindo complicações que podem afetar o bem-estar geral.

Então, tem-se como principais competências:

A saúde bucal, em fundamental a prevenção de doenças, e os estomatologistas desempenham um papel crucial na orientação dos pacientes sobre práticas de higiene e hábitos saudáveis.

Diagnóstico precoce:

Uma das principais, se não a principal atuação da estomatologia, está na prevenção primária de doenças na boca.

Logo, visando viabilizar o diagnóstico precoce, cabe aos profissionais sempre buscar constatar a normalidade na região bucal do seu paciente e, caso detecte qualquer alteração ou lesão, implementar a metodologia cabível, para realizar o diagnóstico.

Além disso, quando se fala de diagnóstico precoce na estomatologia não se trata somente de doenças bucais, mas também de doenças sistêmicas que podem ser identificadas a partir de lesões da boca, já que estes são responsáveis por estudar todas as lesões da região bucal.

Tem-se como exemplos de doenças que o estomatologista pode detectar pela boca a Síndrome de Gorlin, na qual o dentista especialista deve encaminhar o paciente para equipe de oncologia cutânea e também IST´s, como sífilis e HIV.

A boca seca, também conhecida como xerostomia, é outro sintoma que pode ser identificado e tratado pelo estomatologista, sendo importante para evitar problemas adicionais como dificuldade de deglutição e mau hálito.

Além disso, a promoção de saúde envolvendo ações educativas e orientações também entram como atuação do estomatologista e, indiretamente, atuam favorecendo prevenção e diagnóstico precoce.

Doenças autoimunes:

A exemplo de doenças autoimunes tratadas por estomatologista tem-se o Líquen Plano Oral. Essa doença pode se apresentar de três formas diferentes, sendo o líquen plano oral reticular, erosivo ou ulcerativo. 

A forma reticular é a mais comum e se manifesta como linhas esbranquiçadas ou vermelhas na língua, gengivas, palado duro, ou bochechas. Pela sua localização, cabe ao estomatologista, diagnosticar e tratar essa doença inflamatória. 

Doenças das glândulas salivares:

Doenças que envolvem uma disfunção das glândulas salivares, como: síndrome de Sjögren, artrite reumatoide e lúpus são também tratadas por especialistas estomatologistas. 

É comum, ver a estomatologia envolvida em uma grade multidisciplinar, e no caso da Síndrome de Sjogren isso acontece com frequência, envolvendo também a reumatologia. 

Neoplasias malignas:

Quando se trata de neoplasias malignas e benignas a estomatologia tem grande importância. 

Em casos de neoplasias benignas, cirurgiões dentistas sem especialidade estomatologia podem realizar a cirurgia para retirar a lesão com uma pequena margem de segurança. Entretanto, caso seja confirmado histologicamente que se trata de um tumor maligno, o paciente deve ser encaminhado para um estomatologista ou cirurgião de bucomaxilofacial. 

Além disso, como cita o CFO, a prevenção individual e coletiva do câncer e o diagnóstico precoce é uma das principais competências do profissional dessa área. 

Cistos de boca:

O cisto bucal trata-se de uma lesão benigna que surge do tecido da coroa de um dente que não nasceu. O diagnóstico do cisto acaba ficando mais difícil, uma vez que crescem de forma lenta e não causam dor ao paciente e, além disso, existem cerca de 8 tipos de cisto, dificultando ainda mais um diagnóstico correto.

Dai então entra a estomatologia no diagnóstico precoce, que conseguirá detectar essa alteração mais facilmente. 

O tratamento do cisto se baseia na remoção cirúrgica e análise anatomopatológica da lesão, que poderá ser feita pelo especialista ou em estomatologia, ou em Cirurgia Bucomaxilofacial.

Exames realizados pelo estomatologista:

Existe uma gama de exames que o profissional está apto a fazer para realizar um correto diagnóstico, como:

• Exame extraoral: antes mesmo da avaliação da boca, o profissional irá apalpar cabeça e pescoço, sendo possível, por exemplo, já desconfiar de alterações que podem indicar distúrbio temporomandibular. 
• Exame clínico intraoral: assim como nos profissionais não especializados, primeiramente, o estomatologista irá realizar uma avaliação visual bem detalhada de todas as estruturas da cavidade oral
• Biópsia: apesar de cirurgiões dentistas serem aptos para realizar a biópsia, acaba sendo um exame muito negligenciado, e muito mais comum nas clínicas de estomatologistas. Esse exame será utilizado para avaliar alterações suspeitas nas células em casos de úlceras que não cicatrizam, crescimentos teciduais, lesões ósseas expansivas ou não, lesões infecciosas e lesões esbranquiçadas.
• Coleta de material ou secreção: em casos de lesões com secreções, o profissional também irá coletar e enviar ao laboratório para averiguar. 

Quanto ganha um especialista em estomatologia? 

Quando se trata de salário, os valores apurados se transformam em estimativas, e irão variar de acordo com diversos fatores, como: região do país, bairro da cidade, tempo de experiência do profissional, entre outros.

Dito isso, estima-se que o salário de um especialista em estomatologia varie entre o piso mínimo de R$ 4.059,00 e R$ 7538,00 conforme o salário.com.