O microagulhamento, também conhecido como microneedling ou terapia de indução de colágeno, vem ganhando espaço significativo na odontologia estética e regenerativa. Embora inicialmente utilizado por dermatologistas para tratar cicatrizes, rugas e melasma, essa técnica tem sido incorporada com sucesso por dentistas em tratamentos faciais, peri orais e até mesmo para acelerar processos regenerativos em tecidos gengivais.
Neste artigo, vamos explorar tudo o que você, dentista, precisa saber sobre o microagulhamento: desde os fundamentos científicos e mecanismos de ação até suas aplicações clínicas, indicações, contraindicações, cuidados no pré e pós-procedimento e como implementá-lo com segurança e eficácia em sua prática. Confira!

O que é o microagulhamento?
O microagulhamento é uma técnica minimamente invasiva que utiliza microagulhas para causar microlesões controladas na pele. Essas perfurações estimulam o corpo a iniciar um processo natural de cicatrização, promovendo a produção de colágeno e elastina — proteínas fundamentais para a firmeza, elasticidade e regeneração dos tecidos. Além disso, o microagulhamento é uma técnica de indução percutânea de colágeno.
Na odontologia, o microagulhamento é empregado principalmente nas regiões faciais e peri orais, com foco em estética facial harmonizada com a saúde bucal. Além disso, o procedimento ajuda a estimular a produção de colágeno, potencializando resultados estéticos.
Como funciona o microagulhamento?
O microagulhamento se realiza mediante um dispositivo específico, podendo ser:
- Dermaroller: um rolo com agulhas passado sobre a pele.
- Dermapen: dispositivo automatizado com ajuste de profundidade das agulhas.
- Microneedle stamp: um tipo de carimbo com microagulhas.
Desa maneira, as agulhas desses dispositivos penetram a epiderme e a derme superficial, variando de 0,25 mm a até 2,5 mm, dependendo da indicação clínica. Além disso, a profundidade deve ser criteriosamente escolhida pelo profissional.
Isto posto, o trauma controlado causado pelas microagulhas gera um processo inflamatório local que ativa fibroblastos, resultando em:
- Neocolagênese (formação de novo colágeno)
- Neovascularização (formação de novos vasos)
- Remodelação da matriz extracelular
O microagulhamento também estimula a produção de novas fibras de colágeno.
Além disso, o microagulhamento aumenta significativamente a permeabilidade da pele, favorecendo a absorção de princípios ativos — o que abre espaço para protocolos combinados com ativos específicos, como ácido hialurônico, vitamina C, fatores de crescimento e até PRP (plasma rico em plaquetas).
Por fim, o microagulhamento também facilita o drug delivery, aumentando a permeação e eficácia dos ingredientes na pele.
Aplicações do Microagulhamento na Odontologia
A técnica pode ser aplicada por dentistas habilitados, em especial os com habilitação em estética, em diversas situações clínicas. Sendo assim, a seguir, listamos as principais indicações:
1. Melhora da estética facial e rejuvenescimento perioral
- Tratamento de rugas finas e linhas de expressão ao redor dos lábios
- Rejuvenescimento global da pele facial. O microagulhamento é eficaz para o rejuvenescimento da pele.
- Aumento da firmeza e viço da pele. O procedimento melhora o aspecto geral da pele.
2. Melhora de cicatrizes e sequelas de acne
O microagulhamento ajuda a atenuar cicatrizes atróficas causadas por acne, muito comuns em pacientes adultos. Sendo assim, pode se combinar com peelings químicos ou dermocosméticos para potencializar os resultados. Além disso, o microagulhamento ajuda a estimular a produção de colágeno, essencial para tratar cicatrizes de acne.
3. Tratamento de melasma e hiperpigmentações
A associação do microagulhamento com ativos despigmentantes tem se mostrado eficaz na melhora da tonalidade da pele, inclusive em regiões peri orais.
Além disso, o uso de dermocosméticos pode ser utilizado como meio pode potencializar os resultados do microagulhamento.
4. Auxílio na regeneração tecidual gengival
Embora ainda em estudo, há protocolos experimentais utilizando o microagulhamento para estimular regeneração em tecidos moles intraorais e acelerar a cicatrização de cirurgias periodontais e implantares. Além disso, o microagulhamento ajuda a melhorar a circulação sanguínea, essencial para a regeneração tecidual gengival.
5. Associação com PRP e fatores de crescimento
O uso combinado com PRP estimula a regeneração celular e a vascularização, com resultados interessantes em processos de reparo tecidual e rejuvenescimento.
Além disso, o microagulhamento é eficaz no tratamento da flacidez da pele, ajudando na produção de colágeno e elastina, o que melhora a firmeza da pele afetada pela flacidez.
Benefícios do microagulhamento para o paciente
Vários são os benefícios do microagulhamento, dentre eles:
- Procedimento minimamente invasivo
- Baixo tempo de recuperação
- Poucos efeitos colaterais. O efeito do microagulhamento pode variar segundo o tipo de tratamento.
- Potencial de resultados visíveis em poucas sessões. Os resultados podem ser visíveis em poucas sessões.
- Alternativa segura para pacientes que não podem realizar procedimentos mais agressivos
Vantagens para o dentista
Dentre as vantagens de oferecer esse procedimento estão:
- Expansão da oferta de serviços estéticos no consultório
- Procedimento com alta procura e ticket médio acessível
- Realizado em conjunto com harmonização orofacial
- Gera resultados visíveis com alta satisfação do paciente
Como é feito o procedimento?
Devem se seguir algumas etapas para esse procedimento, dentre eles:
1. Avaliação Clínica
O primeiro passo é realizar uma avaliação detalhada da pele do paciente, suas necessidades, histórico médico e expectativas.
Além disso, deve se considera a forma de tratamento durante a avaliação clínica.
2. Assepsia e preparo da pele
A pele é limpa e desengordurada com antissépticos adequados. Em seguida, é aplicado anestésico tópico para conforto do paciente. Além disso, o ácido retinoico pode ser usado no preparo da pele para potencializar os resultados do microagulhamento.
3. Execução
O microagulhamento é realizado com movimentos controlados e uniformes. Sendo assim, a vermelhidão e o sangramento leve são normais e esperados. Entretanto, o uso de um aparelho adequado, como o Dermaroller ou o DermaPen, é essencial para a eficácia do microagulhamento.
4. Aplicação de ativos
Logo após a perfuração, a pele está mais permeável. Dessa forma, é o momento ideal para aplicar ativos específicos, como ácido hialurônico, vitamina C, ou PRP. A técnica de delivery é essencial para garantir uma entrega mais eficaz desses ativos durante o microagulhamento, promovendo uma melhor permeação e aumentando a eficácia dos tratamentos estéticos.
5. Cuidados pós-procedimento
O paciente deve seguir orientações como evitar exposição solar, usar filtro solar e evitar cosméticos irritantes por alguns dias.
Além disso, o uso de protetor solar é essencial após o microagulhamento para proteger a pele e evitar manchas.
Cuidados Pré e Pós-Procedimento
Pré-procedimento:
- Evitar uso de ácidos e retinoides 3 a 5 dias antes
- Suspender procedimentos estéticos faciais agressivos na semana anterior
- Informar sobre uso de anticoagulantes ou anti-inflamatórios
Pós-procedimento:
- Aplicar água termal ou soluções calmantes nas primeiras 24h
- Evitar maquiagem nas primeiras 24 a 48 horas
- Usar filtro solar físico de alta proteção
- Hidratar a pele constantemente
- Evitar calor excessivo (sol, sauna, academia) por 72h
- Evitar a exposição ao sol na área tratada após o microagulhamento
Contraindicações do microagulhamento
O procedimento é seguro, mas possui contraindicações importantes que devem ser ressaltadas, como:
- Acne ativa ou infecções cutâneas
- Herpes em fase ativa
- Doenças autoimunes
- Uso de anticoagulantes
- Câncer de pele
- Gravidez e lactação
- Histórico de quelóides ou cicatrização hipertrófica
Além disso, o ambiente em que o microagulhamento é realizado é importante para garantir a segurança do paciente.
Frequência e número de sessões
O número de sessões depende da indicação clínica e da resposta do paciente. Em média:
- Rejuvenescimento facial: 3 a 5 sessões com intervalos de 30 dias
- Cicatrizes de acne: 4 a 6 sessões
- Manchas: 3 sessões, podendo ser associadas a peelings ou lasers
A manutenção pode ser feita a cada 4 a 6 meses, dependendo da resposta individual. No entanto, a duração de cada sessão de microagulhamento pode variar conforme a indicação clínica.
O microagulhamento é permitido para dentistas?
Sim, o Conselho Federal de Odontologia (CFO) autoriza o uso do microagulhamento por dentistas habilitados em procedimentos estéticos faciais, conforme Resolução CFO n.º 198/2019.
Entretanto, a técnica deve ser aplicada dentro da região de competência do dentista (terço médio e inferior da face), com formação adequada em cursos reconhecidos.
Equipamentos e Produtos: O que usar?
O dentista deve investir em equipamentos de qualidade, devidamente regulamentados pela Anvisa. Todavia, os ativos tópicos utilizados após o procedimento também devem ser seguros, esterilizados e manipulados conforme as boas práticas clínicas.
Dentre os ativos mais usados:
- Ácido hialurônico
- Vitamina C
- Fatores de crescimento
- Ácido tranexâmico (para melasma)
- PRP
Além disso, o uso de microagulhas adequadas é essencial para a eficácia do microagulhamento.
Dicas para implementar o microagulhamento no seu consultório odontológico
- Invista em capacitação específica.
- Crie protocolos personalizados para cada paciente.
- Comunique os benefícios nas redes sociais e no marketing interno.
- Associe o microagulhamento a outros procedimentos de harmonização facial.
- Documente resultados com fotos de antes e depois.
O microagulhamento representa uma ferramenta poderosa dentro da odontologia estética moderna. Dessa maneira, com a técnica bem indicada, aplicada com conhecimento e segurança, o microagulhamento pode trazer benefícios expressivos tanto para o paciente quanto para o profissional.