A anquiloglossia é uma condição popularmente conhecida como língua presa, sendo uma condição congênita em que o frênulo lingual é anormalmente curto, espesso ou apertado.

Dessa forma, essa condição restringe os movimentos normais da língua, podendo dificultar a alimentação, fala, e até mesmo no desenvolvimento orofacial.

Neste artigo, vamos explorar as causas, o diagnóstico, os graus de severidade e as opções de tratamento da anquiloglossia. Confira!

O que é anquiloglossia?

A anquiloglossia é uma condição que afeta o movimento da língua devido à presença de um frênulo lingual encurtado ou espessado. Esta restrição pode ser leve ou severa, dependendo da extensão do problema.

Dessa maneira, nos casos mais graves, a língua presa pode afetar seriamente funções orais importantes, como a sucção, mastigação e fala.

A importância da língua na vida cotidiana

A língua desempenha um papel fundamental em várias funções, como a deglutição, a articulação da fala e a limpeza da boca.

Sendo assim, limitações que envolvam sua mobilidade podem gerar dificuldades que vão além de problemas estéticos. Dessa forma, a língua presa pode impactar o desenvolvimento da fala, interferir na amamentação em bebês e, até mesmo, prejudicar a higiene bucal, possuindo diferentes causas.

Causas da anquiloglossia

A anquiloglossia é uma condição congênita, ou seja, está presente desde o nascimento. Ela é causada por uma falha no processo de apoptose que ocorre durante o desenvolvimento embrionário. Durante esse processo, o frênulo lingual deveria se afinar ou desaparecer, mas em alguns casos isso não acontece, resultando no frênulo curto ou espessado.

De maneira geral, os estudos indicam que fatores genéticos podem desempenhar um papel no desenvolvimento da anquiloglossia, sendo observada em diversas famílias. No entanto, as causas exatas ainda são desconhecidas.

Anquiloglossia e outras condições

Além de fatores genéticos, a anquiloglossia também pode estar associada a outras condições congênitas ou síndromes, como a síndrome de Ehlers-Danlos, uma doença genética que afeta os tecidos conjuntivos, ou a síndrome de Beckwith-Wiedemann, que envolve o desenvolvimento exagerado de certas partes do corpo.

Sinais e sintomas de anquiloglossia

Os sinais e sintomas da anquiloglossia podem variar entre leves a graves. Em recém-nascidos, o problema é frequentemente detectado quando o bebê tem dificuldade para amamentar, uma vez que a língua presa impede uma boa fixação ao seio materno. Além disso, outros sintomas incluem:

• Dificuldade na amamentação: o bebê pode não conseguir sugar corretamente, levando à baixa ingestão de leite.
• Dor na amamentação: a mãe pode sentir dor durante a amamentação devido à sucção ineficaz do bebê.
• Problemas na fala: crianças com anquiloglossia podem ter dificuldade para articular certos sons, especialmente aqueles que envolvem o movimento da língua, como “t”, “d”, “l” e “r”.
• Dificuldade na mastigação: a língua presa pode interferir na capacidade de movimentar o alimento dentro da boca, prejudicando a mastigação.
• Problemas dentários: a língua ajuda na auto-higienização da boca. Com a mobilidade prejudicada, o acúmulo de alimentos e placa bacteriana pode aumentar o risco de cáries.

Diagnóstico de anquiloglossia

Na anquiloglossia, o diagnóstico é feito por um profissional de saúde, geralmente um pediatra, dentista ou fonoaudiólogo.

O diagnóstico é baseado em uma avaliação clínica que inclui a observação do movimento da língua, a aparência do frênulo e o relato de dificuldades na alimentação, fala ou outras funções orais.

Avaliação clínica

Durante a avaliação, o dentista deverá observar a língua e o frênulo do paciente. Ainda, se pode pedir que o paciente realize movimentos específicos, como levantar a língua em direção ao palato ou colocá-la para fora da boca. Sendo assim, caso a língua esteja visivelmente presa ao assoalho da boca e haja limitações significativas de movimento, o diagnóstico de anquiloglossia pode ser confirmado.

Testes de função

Além do exame visual, alguns dentistas utilizam testes de função para avaliar o impacto da anquiloglossia na alimentação e na fala. Um exemplo é o teste de amamentação, onde se observa o comportamento do bebê durante a amamentação para verificar se há problemas de fixação ao seio.

Classificação e graus de anquiloglossia

A anquiloglossia é classificada em diferentes graus de severidade, dependendo da extensão da restrição causada pelo frênulo lingual. Dessa maneira, a classificação mais comum utiliza quatro graus, sendo grau 1 leve e grau 4 o completo, se dividindo da seguinte forma:

• Leve – a língua possui uma mobilidade quase normal, com apenas uma leve limitação.
• Moderado – há uma limitação moderada do movimento da língua, mas ainda consegue realizar a maioria das funções.
• Severo – a língua está significativamente presa, afetando a fala, a alimentação e outras funções orais.
• Completo – a língua está quase totalmente presa ao assoalho da boca, o que impede a realização de funções básicas como a amamentação e a articulação da fala.

Dessa maneira, essa classificação ajuda os profissionais de saúde a determinar a gravidade do caso e o tratamento mais adequado.

Tratamento da anquiloglossia

O tratamento da anquiloglossia depende da gravidade da condição e dos sintomas apresentados.

Dessa forma, em muitos casos leves, a língua presa pode não exigir tratamento, especialmente se não houver impacto significativo na alimentação ou fala. No entanto, em casos mais graves, a intervenção cirúrgica pode ser necessária.

Tratamento Não-Cirúrgicos

Em casos leves, a terapia fonoaudiológica pode ser uma opção para melhorar a mobilidade da língua e a articulação da fala. Dessa forma, ao encaminhar o paciente para fonoaudiologia, é possível incluir exercícios de alongamento da língua, técnicas de deglutição e métodos para aprimorar a pronúncia de sons específicos.

Frenotomia

Quando a anquiloglossia é mais severa e afeta significativamente as funções orais, a frenotomia que é um procedimento cirúrgico simples pode ser indicada.

Portanto, a frenotomia é uma cirurgia minimamente invasiva em que o frênulo lingual é cortado para liberar a língua e restaurar sua mobilidade.

Dessa maneira, a frenotomia é um procedimento rápido e simples, geralmente realizado em consultório. Em bebês, o procedimento pode ser feito sem anestesia geral, usando apenas anestesia local, ou até sem anestesia, devido à pequena quantidade de terminações nervosas no frênulo.

Preparação: examina-se a língua e o frênulo do paciente, verificando a extensão da anquiloglossia.

Incisão: com uma pequena tesoura cirúrgica, o frênulo é cortado. O corte geralmente é rápido e praticamente indolor em bebês pequenos.

Recuperação: em poucos minutos, o bebê pode começar a mamar novamente. A recuperação é rápida, com pouca ou nenhuma dor após o procedimento.

Frenectomia

Em casos mais complexos, ou em crianças e adultos, pode ser necessária uma frenectomia, que é uma cirurgia mais invasiva para remover uma parte maior do frênulo. Dessa maneira, este procedimento pode exigir anestesia geral e cuidados pós-operatórios mais detalhados.

Benefícios e riscos da cirurgia

A frenotomia tem sido considerada uma intervenção eficaz para melhorar a função da língua, especialmente em bebês com dificuldade de amamentação. Dessa forma, estudos mostram que bebês submetidos ao procedimento apresentam melhora significativa na amamentação logo após a cirurgia.

Riscos

Como qualquer procedimento cirúrgico, a frenotomia apresenta alguns riscos, embora sejam mínimos. Todavia, os riscos incluem sangramento, infecção, dor e em alguns poucos casos recessão gengival.

No entanto, complicações graves são extremamente raras, e a maioria dos pacientes se recupera rapidamente.

Impacto da anquiloglossia na amamentação

Um dos principais problemas associados à anquiloglossia em bebês é a dificuldade na amamentação.

A língua presa pode impedir que o bebê faça uma boa fixação ao seio, levando a uma amamentação ineficaz e dolorosa. Dessa maneira, em muitos casos, a frenotomia resulta em uma melhora imediata na amamentação, com o bebê conseguindo mamar de forma mais eficiente.

Além disso, mães de bebês com anquiloglossia frequentemente relatam dor durante a amamentação, devido à fixação inadequada. Após o tratamento cirúrgico, essa dor tende a diminuir, proporcionando uma experiência de amamentação mais confortável.

Anquiloglossia e desenvolvimento da fala

Outro aspecto importante da anquiloglossia é o impacto no desenvolvimento da fala. Crianças com língua presa podem ter dificuldades para articular certos sons, especialmente aqueles que envolvem o movimento da língua na cavidade oral. Sons como “r”, “l”, “t”, “d” e “n” podem ser afetados.

Sendo assim, é necessário que a criança efetue um tratamento multidisciplinar para o desenvolvimento da fala.

Prognóstico da Anquiloglossia

O prognóstico da anquiloglossia é geralmente ótimo, especialmente quando o diagnóstico é feito precocemente e o tratamento adequado é administrado.

Bebês que passam pela frenotomia ou frenectomia geralmente apresentam melhora significativa na amamentação e, à medida que crescem, têm menos dificuldades com a fala e outras funções orais.

Todavia, é necessário ter em mente que quanto mais precoce o diagnóstico menos impacto essa condição terá na vida dos pacientes.