O câncer na gengiva é um assunto que deve ser tratado com grande seriedade e o dentista tem um papel fundamental na prevenção e no diagnóstico, já que dados da OMS mostram que a prevenção pode reduzir em 25% a prevalência desse tipo de câncer. Por isso, é de grande importância que dentistas consigam realizar diagnóstico precoce de forma eficiente, diminuindo as chances de sequelas, complicações e aumentando significativamente as chances de cura.
Para isso, este artigo tem o objetivo de esclarecer todas as dúvidas em relação ao câncer de gengiva, sintomas, diagnóstico e tratamento.
O que é um carcinoma na gengiva?
O câncer na gengiva é um dos tipos de tumores de boca mais frequentes, denominado carcinoma de células escamosas, devido ao tipo celular do revestimento da mucosa da boca. Essas células, quando sofrem lesões ao longo tempo, iniciam uma inflamação crônica que, consequentemente, levará a mutações que causam o aumento de proliferação das células. Quando isso acontece, o normal é que o sistema imunológico reconheça essas células e as destrua, porém, quando alguma dessas células consegue fugir do sistema de defesa, ela se multiplica e surge, assim, o câncer.
Dito isso, o câncer na gengiva é uma neoplasia maligna que afeta a cavidade oral devido à proliferação das células cancerosas no tecido da gengiva. Este pode se manifestar de diversas formas, como:
- feridas que não cicatrizam;
- úlceras persistentes dolorosas ou não;
- crescimento anormal de tecido;
- mudanças de cor do tecido oral.
O que causa câncer na gengiva?
O câncer bucal é um dos tipos de câncer mais letais e ainda um dos que mais acomete a população, estando na sexta posição. Dessa forma, é indispensável que os dentistas conscientizem os pacientes em relação aos hábitos que podem causar esse tumor, como:
- tabagismo: mediante cigarros, charutos, ou tabaco para mascar;
- consumo excessivo de álcool: principalmente destilados e aumenta ainda mais o risco quando associado com tabaco;
- infecção pelo vírus HPV: por ser uma infecção sexualmente transmissível, inclusive pelo sexo oral, pode ser associada ao câncer de boca;
- alimentação pobre em vitaminas: a falta, principalmente, de vitamina C pode ser considerada um fator de risco, pois é uma vitamina essencial para manutenção da saúde da gengiva e para o processo de cicatrização de feridas.
Além disso, existem também fatores hereditários nessa doença. Logo, caso o paciente tenha casos na família e ainda pratique algum desses hábitos, o profissional da saúde deve alertá-lo em relação aos riscos do câncer e realizar avaliações frequentes.
Sintomas do câncer na gengiva:
Os sintomas podem variar e se sobrepor a outros problemas bucais. Entretanto, os sintomas podem ser uma das formas que o dentista conseguirá detectar o câncer, logo devem ser cuidadosamente avaliados. Portanto, o profissional deve se atentar quando o paciente relatar os seguintes sintomas na cavidade bucal:
- dor
- sangramento
- dificuldade para morder
- feridas que não cicatrizam
- amolecimento dos dentes
- retração da região
- manchas/placas esbranquiçadas ou vermelhas na boca
- dificuldade para movimentar a língua
- rouquidão persistente
Qual exame detecta o câncer na gengiva?
O diagnóstico tem grande importância e quanto antes feito, maiores as chances de um tratamento de sucesso. Primeiramente, uma anamnese completa é indispensável para detectar as chances de câncer, uma vez que o dentista identifica possíveis fatores hereditários e também os hábitos do paciente.
Além disso, o profissional deve realizar o exame clínico oral, procurando lesões, feridas, inchaço ou alterações no tecido, incluindo visualização e palpação do tecido. Somado a este, exames de imagem, como a Tomografia Computadorizada ou ressonância magnética, podem auxiliar, pois permitem a avaliação da extensão do tumor e se há envolvimento dos tecidos circundantes.
Por fim, a biópsia é o método mais definitivo para diagnosticar o câncer de boca. Durante esse procedimento, uma amostra de tecido suspeito é retirada e examinada sob um microscópio por um patologista para determinar se há presença de células cancerosas.
5 formas de prevenção câncer na gengiva:
O Ministério da saúde trata a prevenção do câncer de boca com tamanha importância que em 2016 foi sancionada a Lei n.º 13.230/2015 que Institui a Semana Nacional de Prevenção do Câncer Bucal, realizada anualmente na primeira semana de novembro.
Entender sobre a prevenção do carcinoma na gengiva é de grande valia, para que o profissional consiga detectar pacientes que são considerados grupo de risco e conscientizarem sobre as devidas precauções. Dito isso, orienta-se como prevenção:
Abstenção do uso do tabaco:
Como o tabaco é um dos principais fatores de risco para o câncer na gengiva, a primeira forma de prevenir é acabar com o uso. Em muitos casos, pacientes são tabagistas por muitos anos e a abstenção do uso não é um feito fácil, por isso, cabe ao dentista demonstrar empatia, explicar sobre o risco do tabaco e iniciar com metas realistas para que o paciente consiga cumprir e, aos poucos, acabar com o uso.
Moderação do uso de álcool:
Assim como o tabaco, o uso excessivo de álcool significa risco de câncer de boca. Logo, a prevenção está em diminuir o consumo deste.
Vacinação contra HPV:
O HPV pode levar não só ao desenvolvimento de câncer de boca, mas também câncer de cervical, colo de útero, garganta, ânus, entre outros. Dessa maneira, a vacinação é de extrema importância para prevenção de diversos tumores em adolescentes e jovens adultos.
Estudos indicam que a imunidade proporcionada pela vacina é duradoura, mas a monitorização contínua é realizada para avaliar a necessidade de doses de reforço.
Higiene bucal adequada:
Práticas regulares de higiene bucal, como escovação dos dentes, uso de fio dental e visitas regulares ao dentista, são fundamentais para a saúde bucal e a detecção precoce de quaisquer problemas.
Autoexame
A realização do autoexame pode ser muito eficaz e ajudar para um diagnóstico precoce do câncer na gengiva. Para realizá-lo recomenda-se que paciente fique na frente de um espelho em um local bem iluminado, observe os lábios externa e internamente e procure por feridas, áreas brancas ou vermelhas anormais, ou qualquer outra alteração na textura da pele.
Além disso, pode também utilizar o auxílio de um espelho na mão e também tocar suavemente as áreas para sentir qualquer anormalidade como caroços ou inchaços.