A curva de spee trata-se de uma curvatura muito utilizada e importante na ortodontia, idealizada por Ferdinand Spee em 1890, na qual o dentista consegue identificar se a oclusão dentária está correta.
Como uma má oclusão dentária pode causar diversos malefícios à saúde bucal do paciente, como desgaste natural dos dentes ou até mesmo desconforto ao mastigar, a linha de spee auxilia os profissionais em diagnósticos e possíveis tratamento.
Portanto, entendendo a relevância desse recurso aos dentistas, esse artigo pretende sanar todas as dúvidas que cercam esse tema.
Compreenda melhor o que é, quando utilizar, qual a diferença de outras curvas utilizadas na ortodontia, e muito mais!
O que é curva de Spee?
Primeiramente, se faz imprescindível entender do que se trata o plano oclusal, para, em seguida, compreender melhor a curva de spee.
Dessa forma, o plano oclusal é uma linha traçada da oclusão do último dente inferior à borda incisal dos incisivos centrais inferiores. Quando traçada, quanto mais reta estiver a linha, maior a harmonia funcional dos movimentos de mastigação, pois proporcionará maior força na trituração dos alimentos, formando um bolo alimentar com mais qualidade.
Dito isso, a curva de Spee se trata de uma linha, caracterizada por se referir a curvatura oclusal da mandíbula, vista do plano sagital. Portanto, se faz importante na clínica, uma vez que é utilizada como parâmetro para detecção de desvios, objetivando a manutenção da oclusão funcional adequada.
Quando o paciente não apresenta uma má oclusão, a linha imaginária projetada no sentido ântero-posterior sobre os dentes superiores e inferiores deve formar uma curva suave e crescente.
Por outro lado, alguns pacientes podem apresentar uma curva de spee mais acentuada, tanto na porção côncava da curva para superior, quanto para inferior, o que pode gerar diversos malefícios.
Por fim, o profissional deve saber os aspectos normais da oclusão para conseguir reconhecer rapidamente quando há um desvio e identificar os níveis, para o correto diagnóstico e direcionamento do tratamento.
Como medir a curva de Spee?
O dentista deve medir a curva de Spee considerando a arcada inferior, tendo como referência o ponto mais inferior da região entre a cúspide vestibular do primeiro molar inferior e a cúspide vestibular do segundo pré-molar inferior com relação ao plano oclusal.
Isto é, irá medir a distância entre a borda do incisivo até oclusão do molar, e essa distância, idealmente, não precisa ser nula, ou seja, não se faz necessário planificar totalmente a curva.
Estudos mostram que a profundidade ideal, segundo Andrews (6 chaves) equivale a 1,5mm, sendo a profundidade média encontrada nos pacientes, equivalente a 2,5mm.
Essa medida feita na avaliação clínica poderá ser complementada por meio de exames radiográficos. Nesses exames, como radiografia panorâmica e telerradiografia lateral, o ortodontista conseguirá avaliar com mais precisão a curvatura de Spee e também a relação com as estruturas ósseas do paciente.
Consequentemente, o resultado do exame clínico e radiográfico em conjunto representa uma avaliação mais precisa.
O que é a reversão da curva de Spee?
A reversão da curva de spee trata-se de um método ortodôntico utilizado para favorecer o tratamento.
Logo, ao reverter a curva de Spee o ortodontista deverá pegar o fio de aço do aparelho ortodôntico fixo e forçar uma curva antes de inseri-lo aos bráquetes. Dessa forma, o fio tenderá a estruir a região de pré-molares, intrujir a região de incisivos e molares, tendo como resultado uma arcada dentária mais plana.
Válido pontuar que é facilmente encontrado no mercado fios de níquel titânio já pré-contornados, agilizando o processo. Porém, o dentista também consegue modelar a curva reversa no fio de aço, utilizando o alicate De La Rosa.
Qual a diferença entre a Curva de spee e curva de Wilson?
A curva de Wilson se trata da curvatura dos dentes no sentido vestíbulo-lingual no plano frontal, passando pelas cúspides vestibulares e lingual. Dito isso, percebe-se a diferença, entre as curvas, uma vez que a curva de Spee é vista no plano sagital.
Ambas as curvas juntas são chamadas de curvas de compensação, e, em conjunto, irão facilitar e favorecer o movimento mandibular durante a mastigação, protegendo e guiando a oclusão para não causar nenhum problema de ATM e nos dentes.
Importante citar também, a Curva de Monson. Essa curva representa o encontro da Curva de Wilson e a curva de Spee, ou seja, o encontro do plano sagital e frontal, logo é tridimensional.
Portanto, na realidade, considera-se a curva de Wilson outro método de análise para que o dentista visualize se o paciente apresenta algum problema no plano oclusal.
Quais as causas da má oclusão?
Para atender pacientes com a má oclusão detectada pela curva de Spee, é importante que o ortodontista saiba as possíveis causas, que incluem:
- Uso de chupetas ou mamadeiras após os 3 anos
- Hábito de chupar o dedo
- Perda de dentes permanentes
- Deglutição atípica por posição incorreta da língua ao deglutir
- Bruxismo
- Problemas na formação do esqueleto mandíbula
Conhecendo essas causas, os profissionais podem alertar pacientes sobre hábitos que podem causar a má oclusão, prevenindo-as e também permitindo o tratamento adequado de acordo com cada causa.
Quais os sinais de uma má oclusão dentária:
Como o objetivo da correção da curva de Spee se baseia em uma oclusão funcional ao paciente, se faz necessário entender os sinais e consequências de uma má oclusão. Dessa forma, pacientes com problemas na oclusão podem apresentar:
- Dores de cabeça constantes
- Problemas articulares na ATM
- Desgaste excessivo dos dentes
- Dor ou desconforto ao mastigar
- Falta de encaixe nos maxilares, que pode afetar a fala, respiração e mastigação
- Mudanças na estética do rosto
Como consequência, a má oclusão poderá causar diversos malefícios, como erosão dental e até mesmo perda dos dentes. Porém, essas consequências não englobam somente à saúde bucal do paciente, mas também esteticamente, à coluna e à rotina, noturna e diurna. Portanto, destaca-se a importância dessa correção.
Como corrigir a curva de Spee?
A vista de todas as consequências da má oclusão dental, após a avaliação da curvatura, esta deve ser utilizada como parâmetro visando uma menor curvatura, dentro dos parâmetros normais.
A abordagem mudará conforme a gravidade do caso. Dessa maneira, em casos com menor gravidade, a utilização do aparelho ortodôntico fixo deve ser o suficiente para adequar a curva do paciente. Por outro lado, em casos mais graves, cirurgias ou restaurações podem se fazer necessárias.