A disjunção ou expansão rápida da maxila é um dos procedimentos clínicos mais utilizados na prática ortodôntica, por sua eficiência e previsibilidade. Este procedimento corrige a atresia transversal da maxila, má oclusão, que se estabelece precocemente e não apresenta autocorreção. Portanto, vamos descrever tudo que você precisa saber a respeito do disjuntor palatino tipo Haas.
O que é um disjuntor palatino tipo Haas?
O disjuntor palatino tipo Haas, é um aparelho dentomucosuportado usado para a disjunção rápida da maxila. Tem este nome, pois a difusão e o protocolo de uso dessa técnica na ortodontia mundial desenvolveu-se pelos estudos do Prof. Andrew Haas. Ele desenvolveu o aparelho permitindo a avaliação dos resultados e da estabilidade desse procedimento.
Disjunção palatina
Realiza-se a disjunção com o uso de aparelhos expansores fixos, classificados como dentomucosuportados, o de Haas, e dentosuportados: o disjuntor de McNamara e o Hyrax.
Os disjuntores têm o objetivo de romper a resistência oferecida pela sutura palatina e pelas suturas pterigopalatina, frontomaxilar, nasomaxilar e zigomático-maxilar, para isso apresentam um parafuso expansor, localizado paralelamente às referidas suturas, ativado para acumular uma quantidade significativa de forças e assim promover a expansão.
Idade para usar o disjuntor palatino tipo Haas
Sendo assim, o procedimento apresenta um caráter ortopédico, portanto existe limitação de idade para sua realização. Após o final do crescimento ativo do paciente, a quantidade de força necessária para o rompimento da sutura fica significativamente alta, portanto o procedimento apresenta alguns ricos como:
- dor
- possibilidade de fenestração radicular nos aparelhos dentosuportados
- necrose da mucosa palatina nos aparelhos dentomucosuportados
Portanto, em pacientes com idade mais avançada a disjunção é associada a um procedimento cirúrgico, denominado expansão cirurgicamente assistida, que rompe a resistência sutural e permite a disjunção sem os efeitos colaterais falados acima.
Por que usar o disjuntor palatino tipo Haas?
Este aparelho de disjunção pretende corrigir a deficiência transversal da largura maxilar, promovendo assim uma alteração ortopédica dos segmentos maxilares, mantendo a integridade dos tecidos envolvidos e minimizando os efeitos de inclinação dentária.
Portanto, este aparelho é muito utilizado em ortodontia para corrigir a mordida cruzada, pois promove um aumento da largura da maxila dos pacientes.
Origem da deficiência maxilar
A deficiência maxilar pode ter origem em fatores genéticos ou ambientais, envolvendo apenas os segmentos dentários posteriores, com uma grande inclinação para o lado palatino, ou estar associada a um comprometimento esquelético da maxila, apresentando um aspecto atrésico, com uma abóboda palatina ogival e estreita.
Instalação do aparelho disjuntor palatino tipo Haas
As unidades de ancoragem na dentição permanente são os primeiros molares e primeiros pré-molares e na dentição decídua utilizam-se os molares permanentes ou os molares decíduos e caninos decíduos.
Sendo assim, como unidades de resistência os apoios são a abóboda palatina, os processos alveolares, os dentes e fibras periodontais.
Adaptação das bandas
O primeiro procedimento consiste na seleção e na adaptação das bandas pré-contornadas nos dentes selecionados.
O mais indicado no estágio de dentição mista é a ancoragem nos primeiros molares permanentes ou preferencialmente os segundos molares decíduos.
Transferência das bandas
Portanto, após selecionar e adaptar as bandas realiza-se a transferência para a obtenção do modelo de trabalho. Com um alicate removedor de banda, retira-se do dente posicionando no alginato, uma a uma.
Atenção para não inverter a posição das bandas na moldagem. Uma dica é marcar a região vestibular das bandas com lápis dermatográfico determinando o lado esquerdo e o lado direito.
Fixação das bandas no molde de alginato
Sendo assim, após o posicionamento correto das bandas deve-se depositar pequenas porções de cera rosa super-aquecida nas superfícies palatinas internas e externas das bandas e em contato com o alginato.
Em suma, isto aumenta a retenção, e impede que a banda se movimente no alginato durante os movimentos vibratórios no ato de vazar o gesso, além de criar um espaço no modelo de trabalho, entre a banda e o gesso, facilitando o escoamento da solda.
Característica das soldas do disjuntor palatino tipo Haas
Esta é uma fase crucial para a resistência e a durabilidade do disjuntor, sendo assim mesmo em soldas consideradas bem feitas, o índice de fraturas é elevado.
Portanto, é muito importante que a solda forme um bloco maciço, sem porosidades. Esta deve englobar completamente a face palatina externa da banda e o fio, em uma extensão próxima aos espaços interdentários mesial e distal aos molares.
Parafuso de ativação
Existe uma diversidade de marcas e padrões, porém é importante prezar por qualidade, pois nas ativações finais, deve-se ter o cuidado para não espanar o parafuso. Outro ponto importante para evitar este inconveniente é a avaliação do aparelho e verificação da quantidade de ativações que este é capaz de fornecer.
Para isso, com a chave de ativação, faça a sua abertura total, promovendo a contagem do número de ¼ de volta que aquele parafuso é capaz de oferecer.
Stop na chave de ativação
A chave de ativação pode transpassar o parafuso no momento da ativação atingindo a mucosa do palato causando ulceração. Portanto, para evitar esse inconveniente, deve-se colocar uma porção de solda na altura média da chave, que irá funcionar como um stop.
Arredondamento do acrílico
O acrílico que compõe o aparelho disjuntor de Haas mantêm um contato íntimo com a abóboda palatina. Sendo assim, comprime a mucosa durante a fase ativa da expansão e deixa no palato a sua impressão.
Após a remoção do aparelho essas compressões são normalmente assintomáticas. Observa-se um aprofundamento na mucosa do palato, porém podem vir acompanhadas de graus de inflamação.
Para promover um alívio preventivo do paciente aconselha-se o arredondamento por desgaste de todas as arestas do apoio de acrílico, eliminando as bordas em ângulo vivo.
Cimentação do aparelho disjuntor palatino tipo Haas
Para a cimentação utiliza-se o ionômero de vidro, pois este apresenta boa propriedade de retenção da banda à estrutura dentária e propriedades preventivas de liberação de flúor.
Colagem
A colagem do fio do disjuntor é realizada com a utilização de resina inserida, de modo a cobrir o fio em direção oclusal e gengival e penetrar entre o fio e a superfície dentária.
Ativação do aparelho disjuntor palatino tipo Haas
O protocolo de ativação do parafuso para aparelhos com ancoragem máxima:
- Pacientes com até 14 anos: é de quatro ativações iniciais (1mm), duas ativações (½ mm) por dia;
- 15 e 18 anos: duas ativações iniciais e uma ativação por dia
- 20 a 25 anos: uma ativação inicialmente e uma ativação dia sim, dia não
- mais de 25 anos uma ativação inicialmente e uma ativação dia sim, dia não, com cautela, pois em caso de desconforto, o parafuso é ativado duas vezes por semana.
Contenção
Após obtida a expansão desejada, as ativações são suspensas e o disjuntor é mantido na boca por no mínimo 3 meses, tempo necessário para a neoformação óssea da sutura palatina mediana.
Conclusão
O disjuntor palatino tipo Haas, é um aparelho dentomucosuportado usado para a disjunção rápida da maxila.
Sendo assim, o procedimento apresenta um caráter ortopédico, portanto existe limitação de idade para sua realização.
Em suma, durante sua instalação e manuseio é importante seguir corretamente a técnica e os protocolos, evitando assim complicações.