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Josiane Codental

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Doenças odontológicas

Excesso de salivação: tudo que você precisa saber!

Excesso de salivação

A hipersalivação, também conhecida como sialorreia, é uma condição caracterizada pelo excesso de salivação ou produção de saliva na cavidade oral.

Embora a saliva desempenhe papéis cruciais no equilíbrio oral, como lubrificação, digestão inicial e proteção contra agentes patogênicos, sua produção excessiva pode causar desconforto social, físico e psicológico.

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O manejo da sialorreia exige a compreensão de suas causas, muitas vezes associadas a diferentes condições médicas, e a abordagem interdisciplinar, na qual o dentista desempenha um papel central. Portanto, confira tudo sobre essa condição nesse artigo!

Produção de saliva e mecanismos envolvidos

A saliva é secretada pelas glândulas salivares maiores, sendo elas: parótidas, submandibulares e sublinguais e menores. Além disso, é controlada pelo sistema nervoso autônomo.

O sistema parassimpático estimula a secreção, enquanto o sistema simpático regula o volume e a composição. Todavia, o excesso de salivação pode ser decorrente de aumento da produção, hipersecreção, ou dificuldade na deglutição e esvaziamento da saliva, pseudossialorreia.

Causas e condições associadas ao excesso de salivação

Um ponto importante é que algumas doenças, como doenças neurológicas, infecciosas, gastrointestinais, podem levar ao excesso de saliva, sendo essencial o dentista conhecer cada uma delas. Sendo assim, algumas dessas condições são:

Distúrbios Neurológicos

Os distúrbios neurológicos são uma das principais causas de sialorreia. Eles podem afetar tanto o controle da produção de saliva quanto a capacidade de deglutição. Dessa maneira, algumas condições incluem:

  • Doença de Parkinson: caracterizada por disfunção motora, que prejudica a deglutição e resulta em acúmulo de saliva na cavidade oral. A hipersalivação é comum em estágios avançados.
  • Paralisia Cerebral: a dificuldade no controle motor e na deglutição frequentemente leva à sialorreia em crianças e adultos com essa condição.
  • Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA): pacientes com ELA apresentam fraqueza muscular progressiva, incluindo os músculos envolvidos na deglutição, o que contribui para a hipersalivação.
  • Traumatismos Cranioencefálicos: lesões no sistema nervoso central podem desregular a produção salivar ou comprometer a capacidade de deglutição.

Distúrbios Gastrointestinais

Certas condições gastrointestinais podem estimular a produção de saliva como reflexo a irritações:

  • Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE): o refluxo ácido pode estimular a secreção excessiva de saliva como mecanismo de proteção contra o ácido gástrico.
  • Úlceras gástricas e Esofagite: irritação na mucosa gástrica ou esofágica pode ativar reflexos vagais e aumentar a salivação.

Doenças Infecciosas

Infecções na cavidade oral, trato respiratório ou gastrointestinal podem causar sialorreia transitória:

  • Amigdalite: a inflamação das amígdalas pode dificultar a deglutição e levar ao acúmulo de saliva.
  • Mononucleose Infecciosa: em alguns casos, o comprometimento orofaríngeo pode resultar em hipersalivação.
  • Doenças Virais: infecções virais como a raiva, embora raras, apresentam hipersalivação como um sintoma característico.

Gravidez

Durante a gravidez, especialmente no primeiro trimestre, a hipersalivação pode ocorrer devido a alterações hormonais ou como resposta secundária a náusea e vômitos.

Doenças autoimunes

Embora algumas doenças autoimunes, como a Síndrome de Sjögren, sejam mais associadas à xerostomia, conhecida como boca seca, outras condições autoimunes podem alterar o equilíbrio salivar e levar a sialorreia, especialmente durante períodos de inflamação aguda.

Uso de medicamentos

Certos medicamentos podem causar hipersalivação como efeito colateral, incluindo:

  • Agonistas colinérgicos: como a pilocarpina, usados para tratar xerostomia em algumas condições.
  • Antipsicóticos e sedativos: clorpromazina e clozapina são exemplos que podem induzir sialorreia.

Condições Oncológicas

  • Tumores das Glândulas Salivares: tumores benignos ou malignos podem alterar o funcionamento das glândulas, levando à hipersecreção ou estagnação da saliva.
  • Radioterapia: embora frequentemente cause xerostomia, a radioterapia em regiões específicas pode, paradoxalmente, causar sialorreia em casos raros.

8. Problemas dentários e bucais

Condições orais específicas podem contribuir para a sialorreia:

  • Aparelhos Ortodônticos: podem estimular reflexos salivatórios.
  • Irritações Locais: lesões como úlceras ou próteses mal ajustadas podem aumentar a produção de saliva.
  • Infecções Orais: periodontites e abscessos podem desencadear hipersalivação temporária.

Outras condições

  • Anormalidades Congênitas: algumas síndromes genéticas, como a síndrome de Down, estão associadas à hipersalivação devido a fatores anatômicos e neurológicos.
  • Ansiedade: o estresse pode desencadear uma resposta autonômica que resulta em aumento da salivação.

Impactos do excesso de salivação

A sialorreia não é apenas um desconforto físico; ela tem impactos significativos na qualidade de vida.

Além disso, o paciente encara o constrangimento social, além da hipersalivação, levar a dermatites periorais, irritações cutâneas e aumento do risco de aspiração, o que pode evoluir para pneumonia aspirativa.

Papel do dentista no manejo da sialorreia

O dentista tem um papel crucial na identificação, diagnóstico diferencial e manejo da sialorreia, trabalhando frequentemente em colaboração com outros profissionais de saúde, como neurologistas, gastroenterologistas e otorrinolaringologistas. Dessa maneira, o dentista possui papel crucial:

Diagnóstico e avaliação

O dentista deve realizar uma anamnese detalhada, incluindo histórico médico e uso de medicamentos. A avaliação clínica pode incluir:

  • Exame das glândulas salivares para identificar anormalidades estruturais ou funcionais.
  • Testes de fluxo salivar, como sialometria.
  • Avaliação de próteses e aparelhos ortodônticos que possam estar contribuindo para a condição.

Tratamentos intervencionistas

O dentista pode adotar várias abordagens terapêuticas:

  • Terapia comportamental e reabilitação oral: técnicas para treinar os músculos orais e melhorar a deglutição.
  • Ajuste de próteses e aparelhos: corrigir irritações locais que possam estar exacerbando a salivação.
  • Aplicação de toxina botulínica: injeções de toxina botulínica nas glândulas salivares podem reduzir a produção salivar de forma eficaz e segura.

Tratamento medicamentoso

Embora a prescrição de medicamentos geralmente seja responsabilidade de médicos, o dentista pode auxiliar na identificação de candidatos para o uso de anticolinérgicos, que reduzem a produção salivar.

Educação e aconselhamento

O dentista desempenha um papel educacional, orientando os pacientes sobre técnicas para lidar com a sialorreia e destacando a importância da higiene oral rigorosa para prevenir complicações, como infecções secundárias.

Acompanhamento multidisciplinar

Dada a natureza multifatorial da sialorreia, o dentista deve colaborar com outros especialistas. Por exemplo:

  • Trabalhar com fonoaudiólogos em casos de distúrbios de deglutição.
  • Referenciar para neurologistas quando há suspeita de condições neurodegenerativas.
  • Encaminhar para gastroenterologistas em casos de refluxo associado.

A sialorreia é uma condição multifacetada que exige uma abordagem abrangente para identificar e tratar suas causas subjacentes. Sendo assim, o dentista desempenha um papel vital nesse processo, seja no diagnóstico diferencial, na aplicação de terapias específicas ou no trabalho colaborativo com outros profissionais de saúde.

Com uma abordagem bem planejada, é possível não apenas aliviar os sintomas de hipersalivação, mas também melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes, restaurando sua funcionalidade e confiança social.

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