O freio lingual faz parte da anatomia humana, essencial para a mastigação, deglutição e respiração quando possui forma e função adequadas. Entretanto, o encurtamento do freio pode trazer problemas fonéticos e ortodônticos, sendo necessário realizar a frenectomia lingual. Entenda nesse artigo tudo sobre esse procedimento.
Entendendo a anatomia da língua
A língua é um órgão predominantemente muscular, formado por musculatura estriada esquelética. No seu interior possui um pouco de tecido adiposo e fibroso, enquanto o seu revestimento é uma membrana mucosa.
Este músculo encontra-se conectado à cartilagem hióide, mandíbula e aos processos estilóides do osso temporal. Todos os músculos da língua são pares, ficando cada músculo de um lado do septo fibroso mediano.
A língua é formada por dois grupos de quatro músculos, onde todos trabalham juntos. Dentre eles, estão os intrínsecos, sendo os músculos responsáveis por encurtar e achatar a língua, e os músculos extrínsecos, que auxiliam no movimento e fixam a língua às estruturas da cabeça e do pescoço.
Músculos intrínsecos:
- Longitudinal superior: situado abaixo do dorso da língua. Formado por uma fina camada de fibras oblíquas e longitudinais. Quando contraído, realiza o encurtamento da língua, levando o ápice da mesma para cima.
- Longitudinal inferior: estende-se da raiz ao ápice da língua. Quando contraído, encurta a língua levando o ápice para baixo.
- Transverso: se distribui em forma de leque. Origina-se no septo da língua e faz o trajeto para a lateral. Sua contração faz com que a língua se estreite e se alongue.
- Vertical: suas fibras se originam na mucosa do dorso da língua, quando contraído, achata a língua.
Músculos extrínsecos:
- Genioglosso: é o mais forte e o maior dos músculos extrínsecos. Origina-se na espinha mentoniana superior indo até o osso hióide. Quando as fibras posteriores se contraem, anteriorizam a língua. A contração das fibras anteriores contrai todo o músculo, deixando o dorso da mesma como uma canaleta.
- Estiloglosso: imerge nos processos estilóides. Sua contração leva a língua para cima e para trás (antagonista do genioglosso). Pode auxiliar os músculos intrínsecos a tornar o dorso da língua côncavo ou em forma de canaleta.
- Palatoglosso: pode ser considerado um músculo da língua ou do palato. Sua origem é na face anterior do palato mole. Suas fibras vão para baixo e um pouco para lateral (tornam-se contínuas com as fibras dos músculos transversos da língua e com as fibras superficiais dos músculos estiloglosso e hioglosso). Sua contração pode abaixar o palato mole ou levantar a parte posterior da língua, fazendo um sulco no dorso.
- Hioglosso: origina-se na borda superior do osso hióide. Quando contraído, retrai e deprime a língua, assim como eleva o osso hióide.
A língua é o órgão que inicia o processo de digestão e é por isso que está inserida no sistema digestivo. Assim, além de moldar e guiar o alimento, a língua é o órgão relacionado ao paladar e á fonação.
Freio lingual o que é?
O freio lingual é a estrutura que conecta a língua ao assoalho da boca. É uma pequena prega de membrana mucosa que permite a movimentação lingual.
Por quais motivos esse freio lingual pode sofrer alterações?
As modificações anatômicas que ocorrem, se deve a uma pequena porção de tecido embrionário que deveria sofrer apoptose durante o seu desenvolvimento. Sendo assim, esse tecido remanescente, permanece na face sublingual da língua e com isso, pode haver ou não restrição de movimentos. A forma parcial ou total de movimentos da língua, pela presença de tecido embrionário, é denominada anquiloglossia.
Diagnosticando a anquiloglossia
A avaliação do freio lingual é feita através da observação de aspectos clínicos, onde são avaliados a língua e o freio. Entretanto, além dos aspectos anatômicos, o profissional também deve identificar alterações de mobilidade, posição habitual da língua e a fonação desse paciente. Dessa maneira, o diagnóstico implica no que o avaliador julgar como normalidade e alteração, dentre os fatores supracitados.
Embora haja divergências no diagnóstico da anquiloglossia, o consenso é de que a alimentação e a fala não podem ser prejudicadas.
Nos bebês, deve ser observado se existem dificuldades em relação à amamentação. O Teste da Linguinha é obrigatório e realizado em todos os hospitais e maternidades assim que o bebe nasce, desde 2014.
Mesmo a amamentação estando presente em um curto período da vida, a mastigação, a deglutição e a fala serão funções vitalícias.
Prejuízos oriundos da anquiloglossia
As complicações mais frequentes incluem:
– Dificuldade para mamar;
– Atraso no desenvolvimento ou crescimento;
– Problemas na fala ou atraso no desenvolvimento da linguagem;
– Dificuldade para introduzir alimentos sólidos na alimentação da criança;
– Risco de engasgamento;
– Problemas nos dentes relacionados com a dificuldade para manter a higiene bucal.
Frenectomia lingual o que é?
O único tratamento para os casos de encurtamento do freio lingual é a cirurgia. Em suma, a frenectomia lingual consiste na remoção total ou parcial do freio lingual, a fim de que a língua possa voltar às suas funções normais ou o mais próximo do normal. Dessa forma, a frenectomia é eficiente para melhorar a mobilidade e a postura da língua, assim como suas funções, incluindo a fala.
A cirurgia é indicada para os pacientes que apresentam limitação dos movimentos da língua, alterações da fala, dificuldade na mastigação ou lesões traumáticas do freio devido ao contato com os incisivos inferiores.
Qual a melhor idade para realizar a frenectomia lingual?
Não há uma idade ideal para a realização da cirurgia, podendo ser realizada inclusive em bebês. Sendo assim, a indicação irá depender da pertubação que o frênulo está provocando. Dessa forma, quando o frênulo limita os movimentos linguais, a intervenção deve ser realizada quanto antes. Ainda, nos casos em que o problema interferir com prótese ou com a ortodontia, a deve-se efetuar a cirurgia antes de o tratamento ser realizado.
Tempo de duração e riscos da frenectomia lingual
A cirurgia de frenectomia lingual dura em torno de 30 minutos e pode ser feita em ambiente ambulatorial, por um médico ou cirurgião dentista. Em suma, é uma cirurgia que apresenta poucos riscos, podendo ocorrer no pós-operatório dor, pequenos sangramentos, edema, inflação e raramente infecção.