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Josiane Codental

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Doenças odontológicas

Gengiva doendo: tudo que você precisa saber

Gengiva doendo

Estima-se que no Brasil apenas 15% da população cuide da saúde bucal regularmente e a maioria da população procura o atendimento odontológico para tratar algum problema específico. Sendo assim, uma das grandes queixas dos pacientes é a gengiva doendo, podendo estar associada a sangramento ou não. Como aliviar a dor na gengiva? Alguns pacientes relatam que a gengiva está machucada ao redor do dente. Portanto, vamos descrever os principais motivos que podem causar esse incomodo.

Principais causas da gengiva doendo:

Precisamos nos atentar que toda dor é um sinal do organismo de que algo não está correto, sendo assim um alerta que deve ser considerado. Portanto, quando o paciente relata a gengiva doendo, é na anamnese, que se pode verificar muitos pontos importantes que ajudam no diagnóstico e tratamentos corretos.

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Segundo os relatórios dos grupos de trabalho do Workshop Mundial, de 2017, sobre a classificação de doenças e condições periodontais e perimplantares, a classificação das doenças periodontais se apresenta em três grupos: saúde gengival, doenças e condições gengivais; periodontite; e outras condições que afetam o periodonto.

Portanto, este ponto será um norteador em nossa análise gengival.

A maior causa da dor na gengiva é a gengivite, você sabe como podemos detectar corretamente?

Em suma, nos casos de dor na gengiva ao fazer o exame clínico, nós poderemos observar um tecido saudável ou um tecido inflamado. Em alguns locais ou generalizado.

Gengivite e sua relação com a dor na gengiva

É uma doença que atinge grande parte da população e pode ocorrer em qualquer idade, sendo assim uma das doenças bucais mais comuns. É uma inflamação não específica, causada por placa não específica confinada ao tecido gengival.

Portanto, clinicamente ocorre sangramento gengival, profundidade de sondagem até 3mm, sem perda de inserção e a altura óssea é normal. Não é uma doença grave, apresenta fácil tratamento, porém se não for tratada pode levar a sérias complicações.

Sendo assim, para auxiliar no diagnóstico correto de casos de gengivite segue a classificação:

Gengivite Induzida por biofilme

  • Associada somente ao biofilme dental
  • Mediada por fatores de risco sistêmicos ou locais
  • Hiperplasia gengival induzida por medicações

Outras doenças gengivais não induzidas por biofilme

  • Desordens genéticas e de desenvolvimento
  • Infecções específicas
  • Condições inflamatórias e imunes
  • Processos reativos
  • Neoplasias
  • Lesões traumáticas

Certo, agora deixaremos mais claro através deste guia, especificando cada item:

Gengivite associada somente ao biofilme dental

Causas: Higiene oral deficiente e uso incorreto do fio dental, apresentando presença de placa bacteriana e cálculo dental.

Sendo assim, nestes casos, o paciente se queixa de uma dor localizada ou generalizada. Podendo ter pontos com maior sensibilidade e sangramento ao escovar ou no uso do fio dental. Em suma, o tratamento periodontal, instrução de higiene oral com uso de fio dental solucionam o caso.

Gengivite exacerbada por fatores de risco sistêmicos ou locais

Fatores de risco sistêmicos e sua relação com a dor na gengiva:

Hormônios esteroides: o aumento abrupto do nível hormonal apresenta um efeito transitório na inflamação gengival.

Puberdade: sinais de inflamação, com pequenas quantidades de placa bacteriana.

Gestação: devido à alteração hormonal e mudanças de hábitos.

Você já ouviu falar de granuloma gravídico?

Pode aparecer em grávidas um inchaço mole e avermelhado com aspecto de um caroço. Chama-se de epúlide da gravidez (granuloma gravídico), pois o tecido inchado sangra com facilidade, causa dor e pode dificultar a alimentação.

Portanto, nestes casos a escovação deve ser suave, sem pasta de dentes, ou até mesmo enxágues com água salgada após a escovação, podem ajudar. Contudo, a remoção cirúrgica poderá ser realizada, porém, ele tende a regredir após a gravidez, sendo assim deve ser analisado caso a caso.

Menopausa: alguns casos desenvolvem a gengivite descamativa, sendo assim, as camadas exteriores das gengivas sangram facilmente e descamam.

Tratamento: As camadas exteriores dos tecidos gengivais podem ser retiradas com um Cotonete ou utilizando-se uma seringa de ar odontológica. Contudo, deve-se analisar a possibilidade de uma terapia de substituição hormonal. Pode ser recomendado receitar enxaguantes ou pasta de corticosteroides para serem aplicados diretamente sobre as áreas inflamadas.

Quais outros fatores sistêmicos podem influenciar na gengivite e na gengiva doendo?

Hiperglicemia: Em crianças, o nível de glicemia é mais importante para determinar a severidade da inflamação do que a qualidade do controle de placa. Já em adultos, observa-se um avanço mais rápido com relação ao nível de inserção.

Leucemia: alterações gengivais podem apresentar-se como a primeira manifestação da doença em cerca de 25% das crianças afetadas.

Causa: devido à infiltração de células da leucemia dentro das gengivas.

Tratamento: No lugar da escova e de fio dental, deve ser utilizada gaze ou uma esponja para limpar suavemente os dentes e as gengivas e pode ser receitado um enxaguante bucal de clorexidina.

Vejamos mais alguns fatores sistêmicos a seguir…

A má nutrição, em especial a deficiência de vitamina C, pode causar alterações gengivais. Porém, normalmente este fato não é observado em consultas clínicas, contudo, deve-se ter atenção a isso quando se atendem populações carentes ou idosos institucionalizados, por exemplo.

A Anemia aplásica pode causar hiperplasia gengival e o que se verifica nesses casos é hemorragia gengival, petéquias e equimose na mucosa oral, podendo parecer pálida devido ao número reduzido de hemácias.

Em paciente imunossuprimidos a GUNA (gengivite ulcerativa necrosante) pode aparecer. A forma grave acontece raramente, portanto normalmente ocorre em pessoas imunossuprimidas. Causa dor intensa e sangramento, além de mau hálito.

Tratamento: tratamento periodontal, seguido de bochechos caseiros com peróxido de hidrogênio e antibióticos.

Exacerbada por fatores de risco locais

Hiperplasia gengival induzida por medicações

Nem todos os indivíduos que tomam essas medicações irão apresentar alterações. Porém, deve-se ter atenção a pacientes com problemas gengivais que usam as seguintes medicações: fenitoína, valproato de sódio, bloqueadores de canais de cálcio (nifedipina, vepramil, amlodipina, diltiazem), drogas imunorreguladoras (ciclosporina) e altas doses de contraceptivos orais.

Outras doenças gengivais não induzidas por biofilme

Algumas infecções bacterianas como a gonorreia, sífilis e tuberculose.

Podemos observar queixas de gengiva doendo em casos de infecções como: Doença Mão-pé-boca (Vírus Coxsackie), Vírus Varicella-Zóster, Vírus Molluscum Contagiosum, Papilomavírus Humano (HPV), Gengivoestomatite herpética (HSV-1 e HSV-2);

Falando da gengivoestomatite herpética aguda, esta é causada pelo vírus da Herpes, provoca bastante dor na gengiva. Portanto, torna as gengivas vermelhas e brilhantes, fazendo com que muitas lesões pequenas brancas ou amareladas apareçam dentro da boca.

Pode melhorar sem tratamento em 2 semanas, sendo assim, na fase aguda a limpeza dos dentes deve ser realizada com suavidade. Pode-se recomendar um enxaguante bucal anestésico para aliviar o desconforto sentido ao comer ou beber.

Fungos

  • Fúngicas: Candidíase e outras micoses.

A candidíase forma uma placa branca ou vermelha que irrita as gengivas. Essas placas também cobrem a língua e os cantos da boca e, quando se limpa, deixam uma superfície sanguinolenta.

Tratamento: uso de antimicótico, como a nistatina, em forma de elixir ou de comprimido concebido para uma dissolução lenta na boca. Contudo, se o paciente utilizar próteses dentárias recomenda-se a imersão na solução de nistatina durante a noite.

Condições inflamatórias e imunes

Reação de hipersensibilidade: alergia de contato, gengivite de células plasmáticas, eritema multiforme

Doenças autoimunes da pele e das mucosas: pênfigo vulgar, penfigoide, líquen plano, lúpus eritematoso: sistêmico e discoide.

Lesões granulosas inflamatórias (granulomatose orofacial): o Doença de Crhon, Sarcoidose.

  • Neoplasias.
  • Lesões traumáticas: Traumatismos físicos ou mecânicos: próteses mal adaptadas, escovação com força exacerbada, automutilação, queimaduras.

Conclusão

A principal causa da das reclamações de gengiva doendo é a gengivite, sendo assim, esta pode ter sua origem em fatores induzida por biofilme, mediada por fatores de risco sistêmicos ou locais; e casos de hiperplasia gengival induzida por medicações.

Existem outras doenças gengivais não induzidas por biofilme que podem estar relacionadas com as dores gengivais como: desordens genéticas e de desenvolvimento, infecções específicas, condições inflamatórias e imunes, neoplasias, lesões traumáticas.

Em suma, para a escolha da abordagem terapêutica correta é importante realizar uma anamnese completa e no exame físico atentar-se aos fatores locais.

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