Popularmente conhecida como mau hálito, a halitose é uma condição que afeta muitas pessoas mundialmente.
Entretanto, além de causar desconforto social, o mau hálito pode ser sinal de problemas de saúde mais sérios tanto sistemicamente quanto na cavidade bucal.
Neste artigo, abordaremos as causas, os sintomas, tratamentos e a prevalência da halitose com bases científicas, de modo a orientar a conduta do dentista.
O que é halitose?
A palavra halitose origina-se do latim, onde “halittus” significa ar expirado, enquanto o sufixo “oxis” remete a alteração patológica.
O hálito caracteriza-se pela troca de substâncias entre a inspiração e a expiração.
Em outras palavras, o ar que respiramos fornece trocas gasosas fisiológicas, percorrendo intestino, fígado, bile, sangue e pulmões, de onde é expirado.
Logo, esta troca gasosa funciona como agente excretor de substâncias sistêmicas oriundas do corpo humano e a presença de odor indica desequilíbrio deste sistema.
Define-se halitose como o odor proveniente da cavidade bucal. Em virtude do seu odor desagradável, torna-se perceptível por outras pessoas, causando constrangimento ao paciente.
A presença de mau hálito caracteriza disfunções orgânicas ou fisiológicas no paciente, sendo a orgânica indicativa para tratamento clínico e a fisiológica para acompanhamento e orientações.
Embora seja desagradável por seu odor, esta condição é comum atingindo boa parte da população mundial.
Causas da halitose
Visto que a incidência é multifatorial além de etiologias distintas, esta condição relaciona-se tanto para condições sistêmicas quanto para problemas bucais.
Atualmente existem mais de 50 tipos de halitose, porém as mais comuns relacionam-se a má higienização oral, saburra lingual (acúmulo de bactérias e restos alimentares na língua), cárie e doenças periodontais.
Ademais, Diabetes, insuficiência renal, hepática além de alterações estomacais e sinusites, caracterizam causadoras de halitose oriundas de desequilíbrio orgânico.
Assim listamos abaixo algumas alterações orgânicas e patológicas causadoras desse problema:
- Halitose da manhã;
- Halitose da fome e do regime;
- Halitose da doença Periodontal;
- Halitose da desidratação;
- Halitose oriunda de stress;
- Halitose devido a alterações morfológicas da língua;
- Halitose proveniente da Faringite, Sinusite e Adenoide;
- Halitose devido à ingesta de alimentos, tabagismo e medicamentos;
- Halitose proveniente da hipoglicemia.
Além disso, há a síndrome da referência Olfativa, condição está também conhecida como halitose imaginária.
Igualmente importante, a etiologia fisiopatológica correlaciona-se com desequilíbrio da flora bacteriana oral, alimentação e higiene bucal, assim como, com o sistema imune de cada indivíduo e patologias sistêmicas.
Sintomas do mau hálito
Uma vez que o sintoma mais comum identificado pelo paciente é a presença do odor desagradável oriundo da cavidade oral, o dentista deve questionar ao paciente:
- Se o mau hálito é associado a presença de boca seca;
- A percepção de saburra lingual em exame clínico intra oral;
- A presença de “gosto ruim na boca” e
- Sensação de ardência na língua.
Dessa forma o profissional garante o direcionamento para o correto diagnóstico, elaborando o plano de tratamento ideal para causa da halitose neste paciente.
Qual o cheiro do hálito?
Ainda que o odor matize conforme a etiologia, é possível diferenciá-la através de suas caraterísticas a fim de indicar a causa.
Em casos de halitose Bucal, o odor causado pela fermentação de restos alimentares e bactérias na boca, é descrito como sendo um cheiro azedo ou de enxofre.
Em contrapartida, nos casos da condição sistêmica, o odor adocicado ou acetonado indica possíveis problemas metabólicos.
Portanto, a identificação do profissional das características do odor, direciona este para o tratamento indicado do mau hálito, favorecendo ao reestabelecimento da condição de saúde normal do paciente.
Qual o tratamento indicado para halitose?
Em primeiro lugar, o profissional deve diagnosticar a causa do mau hálito, pois o tratamento depende da identificação da causa desta condição.
Assim sendo, o tratamento para a halitose oral (fisiológica), requer melhora do paciente na higiene oral, escovação adequada dos dentes concomitante ao uso de fio dental.
Além disso, realizar a limpeza profissional com ultrassom, bem como o uso de enxaguante bucal a base de clorexidina, de modo a manter o controle do odor.
Já nos casos de Halitose sistêmica (orgânica) o profissional deve tratar a causa subjacente, como, por exemplo, nos casos de refluxo gastroesofágico onde o tratamento pode envolver mudanças na dieta.
Todavia, em casos de disfunções hepáticas, renais e Diabetes, o envolvimento multidisciplinar entre médico e dentista pode trazer benefícios como o controle da acidez estomacal com a troca de medicamentos.
Seja como for, a limpeza ultrassônica dos dentes, o tratamento com saliva artificial, em alguns casos, e maior atenção a higiene oral, amenizam o desconforto causado pelo odor ao paciente.
Prevalência da halitose
Segundo a Organização Mundial de Saúde, a OMS, cerca de 40% da população mundial sofre dessa condição.
Conforme os dados da organização, a prevalência varia conforme a idade, sexo e hábitos de higiene diários de Higiene oral.
Em contrapartida, estudos indicam que a prevalência de halitose é maior em homens quando comparados às mulheres e em pessoas de idade avançada.
Por fim, fatores socioeconômicos e culturais também influenciam na prevalência da condição e seu diagnóstico e tratamento.
Dessa maneira, embora seja uma condição comum e de alta prevalência na população mundial, esta afeta a qualidade de vida do indivíduo.
Desse modo, a negligência de tratamento, bem como a ausência de diagnóstico, causa decréscimo na vida do paciente, pois este fica à deriva de morbidades associadas.
Nesse sentido, doenças como depressão, isolamento social e distúrbios psicológicos podem associar-se a falta de tratamento do odor bucal, interferindo diretamente no autocuidado do paciente.
Em vista disso, o dentista deve estar em constante evolução profissional de modo a ofertar diagnóstico diferencial e tratamento efetivo para a halitose, para oferecer os paciente melhora de condição de saúde e qualidade de vida.
Da mesma forma, a conversa multiprofissional entre dentista e médico assistente, abrange tratamentos como as disfunções hepáticas e renais em virtude de melhora substancial de qualidade de vida do paciente.
Portanto, conhecer a origem e causas da Halitose bem como o correto manejo clínico, fornecem ao dentista diagnóstico diferencial e qualidade de vida para o paciente.