A lesão periapical é uma resposta inflamatória do periápice que possui diferentes estágios e fases de desenvolvimento. Portando, a região afetada por essa lesão é a região do osso que está ao redor do ápice do dente, ou seja, é o local que envolve o cemento, o ligamento e o osso alveolar – elementos responsáveis pela atividade bucal.
Sendo assim, geralmente, essa lesão se desenvolve após uma necrose do tecido pulpar ou doença periodontal extensa. Há alguns tratamentos indicados para essa lesão, podendo ser até cirúrgico, porém o tipo de tratamento vai depender do tipo e da evolução da lesão.
Vamos te contar um pouco melhor sobre cada tipo de lesão, veja:
O que é uma lesão periapical?
Para começar vamos te explicar um pouco da anatomia dentária. O dente é composto por coroa e raiz, na porção da raiz temos tecidos que envolvem e se ligam diretamente com a raiz. Dessa forma, esses tecidos possuem o objetivo de estabilizar o dente na sua posição e suportar as forças de impacto que o dente sofre diariamente, como a força da mastigação.
Além disso, a região também possui o ápice dental, sendo a extremidade mais inferior da raiz, é pelo ápice que os tecidos se comunicam com o dente através da polpa do dente que contém nervos e vasos que vão nutrir o dente e manter ele saudável. Portanto, a lesão periapical é uma lesão que ocorre nesses tecidos que estão envolvidos e se relacionando diretamente com o ápice dentário, danificando o tecido e vasos presentes nessa região.
Quais os tipos de lesões periapicais?
São dois os tipos existentes de lesão periapical: as inflamatórias e as não inflamatórias.
Não Inflamatórias
As lesões não inflamatórias são aquelas que acontecem de forma natural no nosso organismo, sem causa aparente e que não tem nenhum risco para o nosso dente e caracteriza-se por ser transitória e regrida naturalmente.
Inflamatórias
Já as lesões inflamatórias ocorrem quando bactérias patogênicas, como, por exemplo, a bactéria responsável pela cárie, invadem a polpa do dente, causando a morte dessa polpa e, posteriormente, chegam aos tecidos que circundam a raiz e causam lesões a esses tecidos.
Principais lesões periapicais
Periodontite apical aguda
É considerada a única lesão periapical na qual ainda se tem vitalidade pulpar, ou seja, a presença de uma circulação vascular permite que a polpa do dente se mantenha viva. Dentre os sintomas, o paciente pode apresentar dor moderada ou intensa de longa duração na região.
Abscesso periapical agudo
Consiste em uma evolução da periodontite apical aguda quando ela não foi tratada. A lesão é devido a um processo inflamatório e formação de pus na região apical. Além disso, entre as causas dessa lesão podem estar traumas constantes nos dentes e restaurações profundas, por exemplo. Entre os sintomas pode aparecer uma dor intensa e espontânea que pode estar associada a sintomatologia sistêmica – febre, dor de cabeça, mal-estar, linfadenopatia, etc.
Abscesso periapical crônico
É uma evolução do abscesso periapical agudo quando não ocorre o seu tratamento. Nesse caso, pode haver ausência de dor ou uma dor com baixa intensidade, além da formação de uma fístula dentro ou fora da boca.
Osteíte condensante ou esclerosante:
É um processo crônico que resulta na formação de osso, caracterizado pelo aumento da densidade óssea, e acomete principalmente, pacientes jovens que podem não apresentar dor ou ela ser de baixa intensidade.
Granuloma periapical
Consiste em uma cronificação da periodontite apical aguda, em resposta à presença de bactérias ou toxicidades nos tecidos apicais, e representa boa parte das lesões periapical – 75%. Além disso, pode apresentar ausência de dor, presença de cárie extensa e trauma na região.
Cisto radicular
Geralmente surge a partir da evolução do granuloma, em que ocorre a formação de uma cavidade preenchida por líquido, ou seja, é de origem inflamatória. Esse tipo de lesão pode causar dor, mobilidade e deslocamento de dentes afetados.
O que pode causar uma lesão periapical?
Entre as causas da inflamação periapical, estão:
- Contaminação bacteriana;
- Medicamentos;
- Trauma;
- Necrose pulpar.
Como tratar uma lesão periapical?
Quando falamos de uma lesão não inflamatória não há necessidade de nenhum tratamento, pois com o decorrer do tempo ela desaparece sozinha, uma vez que se trata de uma alteração fisiológica do organismo que não traz nenhum malefício.
Já as lesões inflamatórias, pode ser preciso um tratamento mais invasivo, pois existe uma necessidade de se eliminar todos os microrganismos presente nessa polpa morta, fazer uma limpeza do local e fechamento definitivo para não haver outra infecção, esse procedimento se chama tratamento endodôntico ou popularmente conhecido como “tratamento de canal”.
É importante também citar que mesmo após o tratamento, a lesão leva algum tempo para desaparecer completamente, dependendo do tamanho da lesão. Sendo assim, pode levar de 6 meses a 2 anos para um resultado definitivo, mas ela desaparecerá e todos os seus tecidos relacionados à lesão vão se recuperar totalmente.
Quando é necessário realizar cirurgia para lesão periapical?
Há quatro indicações básicas para a realização da cirurgia periapical, que são:
- Quando o canal radicular está obstruído (onde o retratamento endodôntico não é possível) e há sinais radiográficos ou sintomas clínicos;
- Se há extrusão da obturação e sinais radiológicos ou sintomas clínicos;
- Quando o tratamento endodôntico falha e o retratamento endodôntico não é apropriado;
- Nos casos em que há perfurações radiculares com sinais radiográficos ou sintomas clínicos em que o tratamento ortogradista é impossível.
OBS: Há vantagens e desvantagens quando nos referimos ao tratamento cirurgia. Quado falamos das vantagens, a principal é que a cirurgia periapical é permite manter o dente do seu paciente. Já a desvantagem é que não existe uma cura em todos os casos e que, se a infecção não for interrompida, a extração do dente pode ser necessária de qualquer maneira.
Dessa forma, é possível concluir que uma lesão periapical sem tratamento pode produzir infecções repetidas e aumento do tamanho. E isso vai possibilitar a destruição de uma maior quantidade de osso, afetando os dentes adjacentes à origem da infecção.
Além disso, se lesão periapical não respondeu a um canal radicular, restam apenas duas alternativas: exodontia do dente causal, com remoção da lesão e cirurgia periapical.