A “língua de vape” é uma condição comum em pacientes que possuem o hábito de fumar. Nos últimos anos o cigarro eletrônico ou vape, ganhou popularidade mundial, principalmente entre o público mais jovem e nos Estados Unidos, resultando no desenvolvimento de problemas relacionados ao seu uso.
No Brasil, apesar a Anvisa proibir sua comercialização, o utensílio é facilmente encontrado.
Por ter se tornado um hábito comum entre os indivíduos, é importante os dentistas se manterem atualizados sobre os problemas que ele desenvolve. Confira!
O que é língua de vape?
A “língua de vape” é o termo usado para a perda do paladar desenvolvida devido ao hábito frequente de fumar, tendo aumentado atualmente devido à popularidade dos cigarros eletrônicos.
Dessa maneira, os pacientes que utilizam cigarros eletrônicos abundantemente perdem inesperadamente a habilidade de saborear o juice do vape. Apesar de ser uma condição comum entre os usuários de tempos em tempos, o problema costuma durar entre 1 e 3 dias, podendo se estender durantes semanas.
Portanto, é comum o paciente achar que desenvolveu alguma condição onde a perda do paladar é irreversível, sendo percebida através do desenvolvimento de uma camada grossa que bloqueia a habilidade de sentir sabor.
Sendo assim, enquanto a língua de vape não absorver a nicotina ou produção de vapor, o paciente fica com o seu paladar comprometido.
Como a língua de vape interfere no sabor?
A boca possui entre 2000 a 8000 papilas gustativas, sendo essas regeneradas a cada 10 dias. Todavia, para o funcionamento do sentido gustativo a saliva se faz necessária para o correto funcionamento.
Dessa maneira, o uso constante de cigarros eletrônicos diminui a produção de saliva, levando a boca seca! Portanto, sem a produção de saliva adequada, o paciente começa ter a perda de paladar.
Uma reclamação constante, também, é a perca da capacidade de sentir o juice do vape, o que ocorre devido à fatiga em relação ao sabor.
Problemas bucais e uso de cigarro eletrônico
Os estudos recentes já mostram que o cigarro eletrônico é responsável por doenças cardiovasculares, pulmonares e inflamações, além de aumentar as chances do desenvolvimento de câncer.
Em relação à saúde bucal, além da “língua de vape”, esses cigarros possuem alto teor de açúcar, além da consistência viscosa do vapor, que deposita resíduos nos dentes, o que os tornam mais sensíveis. Dessa forma, o paladar e o olfato podem ser afetados, além de provocar desidratação e potencializar os riscos de cáries.
Portanto, o uso desses dispositivos pode desencadear diversos problemas bucais, dentre eles:
Doenças periodontais:
Um problema muito comum entre os usuários. Isso se deve devido aos vapes descartáveis alterarem várias condições naturais da boca. Sendo assim, se facilita acúmulo de placa bacteriana, sendo o início de diversas doenças periodontais;
Retração gengival:
O uso de cigarros eletrônicos leva a baixa irrigação das membranas mucosas bucais. Dessa forma, se danifica o tecido e expõe a raiz do dente, resultando no aumento da sensibilidade dentária, além de propiciar o surgimento de cáries;
Escurecimento da gengiva e dos dentes:
Um problema constante em fumante é o acúmulo de nicotina na superfície dos dentes, que adere ao esmalte dentário e ocasiona o escurecimento indesejável da gengiva e dos dentes;
Diminuição de cicatrização:
Em fumantes o processo de cicatrização é reduzido em comparação com os não fumantes. Portanto, essa condição pode prejudicar na realização de procedimentos odontológicos, como extração de dentes ou implantes;
Impacto na osseointegração:
A osseointegração é um processo de união física, biológica e mecânica entre implantes dentários e o osso da mandíbula. Esse procedimento é crucial na odontologia e o tabagismo pode causar um impacto negativo, além de afetar o sucesso da osseointegração;
Língua de vape:
Como já mencionado, a utilização de vapes em excesso compromete diretamente o paladar;
Mau hálito:
Outro problema comum em fumantes é o mau hálito, originado da nicotina presente nos cigarros;
Xerostomia:
Um dos grandes problemas gerados é a diminuição na produção de saliva, essencial para o equilíbrio na boca, principal da microbiota bucal. Sendo assim, a nicotina aumenta as chances de cáries, sensibilidade, feridas, fissuras e dificuldades de mastigação;
Câncer bucal:
O uso de cigarro, seja ele eletrônico ou o cigarro tradicional, potencializa o risco do desenvolvimento de câncer. Os produtos químicos presentes no tabaco podem causar mutações genéticas nas células da boca, levando ao crescimento de células cancerígenas. Isso pode resultar em câncer nos lábios, língua, gengivas, revestimento das bochechas e palato.
Inflamação da cavidade bucal:
Outro problema comum é a inflamação nas gengivas e gargantas, muito comum em usuários de cigarros eletrônicos devido às substâncias químicas presentes no vapor desses causados. Essa condição costuma incomodar muito os pacientes, uma vez que gera dor e inchaço nas regiões comprometidas.
Tratamento para língua de vape
É muito importante orientar a esses pacientes a importância de parar de utilizar os cigarros eletrônicos. Entretanto, outras recomendações devem ser passadas, já que o hábito pode não ter fim, e o paciente persistir com esse problema.
Portanto, as principais recomendações para esses pacientes são:
- Aumentar o consumo de água: como o uso de vape diminui a saliva e gera uma desidratação na região, orientar o paciente a aumentar o consumo de água é muito importante para aumentar a hidratação da boca;
- Cortar cafeína e álcool: café e álcool deixam a boca seca, o que já é um problema gerado pelo uso de cigarros eletrônicos. Portanto, orientar o paciente a evitar o consumo dessas substâncias pode ajudar no controle da língua de vape;
- Indicação de produtos de hidratação bucal: produtos como Biotene, ou similares, são fundamentais no processo de cura e secura temporária da boca. Portanto, indicar esses produtos, seja em forma de enxaguantes bucais, spray, pasta de dente e gel para uso noturno, ajuda o paciente a passar por essa condição temporária;
- Indicação de terapia: em alguns conversar com o paciente sobre o motivo desse hábito pode revelar problemas psicológicos relacionados. Dessa forma, encaminhar o paciente para a terapia pode ajudar o paciente a parar com os cigarros eletrônicos;
- Higiene bucal: orientar o paciente a sempre escovar os dentes e utilizar fio dental, além de raspar a língua com o auxílio de um raspador de língua.
Entretanto, é indispensável orientar o paciente a suspender o uso do cigarro eletrônico, ou tentar espaçar seu uso, diminuindo o consumo. O uso de cigarro é prejudicial à saúde de diversas maneiras, devendo sempre ser desestimulado.