A orientação sobre a importância da correta separação do lixo no dia a dia tem extrema importância para a redução do impacto no ambiente, mas como funciona com o lixo odontológico?
Dentistas sabem que os atendimentos geram muitos resíduos a serem descartados, e em sua maioria, contaminados, o que exige ainda mais cuidado.
Assim como o uso de equipamentos de segurança individual e uso de técnicas de esterilização e desinfecção, o descarte correto de resíduos contribue para segurança, não somente dos colaboradores, mas também ambiental.
Logo, com objetivo de diminuir os riscos de contaminação, este artigo visa, seguindo as resoluções da Agência Nacional de Vigilância Sanitária/ANVISA (RDC n. 306), orientar acerca da correta e segura separação do lixo odontológico. Confira!
Quais são os tipos de lixo odontológico?
Primeiramente, antes de entender como funciona a separação do lixo odontológico, se faz necessário conhecer os tipos de resíduos existentes. No consultório odontológico é possível separar os resíduos da seguinte forma:
Grupo A: Risco biológico
Qualquer material que tenha sido contaminado por fluidos corporais do paciente ou profissional, apresentando risco de infecção, como: gaze, algodão, luvas, máscara, placas e lâminas de laboratório, etc.
Grupo B: Risco químico
Substâncias químicas com características inflamáveis, reativas, tóxicas ou corrosivas, como: Saneantes e desinfectantes, resíduos de amálgama, anestésicos, medicamentos apreendidos pela fiscalização, radiografias odontológicas e fluentes de processadores de imagem (reveladores e fixadores), resíduos com materiais pesados, etc.
Grupo C: Risco radiológico
Materiais provenientes de serviços de medicina nuclear, laboratório de análises químicas ou radioterapia. Se faz necessário aprofundar nas normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) para correto descarte.
Grupo D: Sem risco
Matérias não contaminados e que não apresentam risco biológico, químico nem radiológico, podendo ser reciclados, como resíduos da recepção, áreas administrativas, etc.
Grupo E: Perfurocortantes
Materiais com pontos capazes de cortar ou perfurar, como ampolas de vidro, brocas, bisturis, agulhas, limas endodônticas e pontas diamantadas.
Como é feito o descarte do lixo odontológico?
Após entender melhor acerca dos tipos de resíduos, deve-se conhecer as formas como estes devem ser separados e descartados. Pensando nisso, a clínica odontológica deve conter tipos de lixo adequados para cada tipo de resíduo, como:
Lixeira para grupo A:
Resíduos com risco de infecção devem ser descartados em lixeiras brancas, com saco branco e símbolo internacional de resíduo infectante. Além disso, também é importante conter pedal, para diminuir o contato com o lixo odontológico.
Lixeira para grupo B:
Devido à diversidade de tipos de lixos que apresentam risco químico, a destinação final de cada irá variar de acordo com classificação de risco, volume, etc.
A exemplo, tem-se o lixo destinado a capsulas de amálgama, utilizado para proporcionar a restauração dos dentes, que por ser feito de uma liga de mercúrio, prata e estanho, deve ser segregado e descartado em recipientes de plástico rígido, tampados e sob selo d’água.
Ainda sobre a amálgama, deve-se descartar as sobras do componente separadamente das cápsulas, também em recipiente de plástico rígido com tampa e com selo, como no exemplo abaixo:
Lixeira para grupo C:
Os efluentes radiológicos não devem nunca ser descartados na rede de esgoto, sendo correto utilizar caixas blindadas, sempre identificadas. Além disso, vale salientar que alguns resíduos consistem em diferentes tipos de lixo odontológico, por isso, devem estar separados corretamente.
Lixeira para grupo D:
Para o lixo odontológico comum, ou seja, que não apresenta qualquer risco de contaminação, não se faz necessário uma lixeira diferenciada. Portante, nas áreas como recepção, podem ter lixeiras comuns, revertidas por saco preto, sempre com pedal e identificadas.
Lixeira para grupo E:
Os perfurocortantes são os resíduos responsáveis pelo maior número de acidentes, quando não descartados corretamente, uma vez que, como o próprio nome diz, são capazes de cortar ou perfurar. Por isso, estes devem ser descartados em coletor específico para resíduos perfurocortantes.
Para mais, se faz proibida a manipulação desse tipo de resíduo de um frasco para a caixa de descarte, ou seja, o profissional deve descartar diretamente na caixa de material perfurocortante. Por fim, quando atingir sua capacidade, deve ser fechada, lacrada e mantida em abrido temporário único, até que seja coletado.
Etapas para o manejo adequado do lixo odontológico:
Apesar de importante, a parte de separação adequado do lixo odontológico representa apenas uma das diversas etapas necessárias para o descarte correto de resíduos. Por isso, vale ressaltar a relevância de cada uma das partes, sendo elas:
1. Separação:
O descarte e separação de todos os resíduos deve acontecer imediatamente após o uso, respeitando os grupos, tipos de risco e lixeiras apropriadas.
2. Acondicionamento:
Dentro desta etapa a avaliação da quantidade de lixo gerado diariamente no consultório ou laboratório é imprescindível. Pois a capacidade da lixeira deve ser compatível com esta quantidade diária, evitando, assim, que o acondicionamento fique prejudicado devido a vazamentos.
Além disso, se faz vedado o reaproveitamento dos sacos de lixo, que devem ser resistentes, impermeáveis e de acordo com cada tipo de lixo para correto acondicionamento.
3. Identificação:
Considerada uma das etapas mais importantes, a identificação de cada lixo odontológico é indispensável e obrigatória. Sendo assim, todo recipiente e sacos de acondicionamento devem conter identificação com símbolo ou por escrito, de forma clara e objetiva.
4. Transporte interno:
Esta etapa refere-se ao transporte entre o local no qual o lixo foi produzido até o abrigo temporário, onde ficará até ser coletado. Diante disso, se faz importante a realização de um roteiro, estipulando horários do transporte dos resíduos, para evitar que aconteçam em horários de grande fluxo de pessoas ou simultaneamente com outras atividades.
Além disso, a pessoa responsável deve sempre zelar pela segurança do local, sempre conferindo se o lixo está corretamente vedado e utilizando os equipamentos de segurança pessoal necessários.
5. Abrigo temporário:
É importante que o abrigo temporário seja um ambiente exclusivo, com controle da entrada de pessoas e acesso facilitado para entrada de veículos coletores.
Dentro do abrigo temporário, os resíduos químicos devem possuir um local exclusivo, com ventilação, EPI’s e extintor. Já os outros grupos podem ficar no mesmo ambiente, ainda separados, cada um em seu recipiente adequado e identificados.
6. Coleta e transporte externos:
Para esta etapa, a clínica deve contratar uma empresa especializada em descarte de lixo odontológico, visando maior eficiência e segurança.
Portanto, por uma questão de biossegurança e visando diminuir os riscos de contaminação de pessoas, é muito importante que os dentistas se atentem ao correto descarte dos materiais odontológicos, garantindo a segurança da clínica odontológica e de seus pacientes.