O mau hálito, conhecido clinicamente como halitose, afeta muitas pessoas em todo o mundo.
Embora seja uma condição comum, o mau hálito tem impacto significativo na qualidade de vida do indivíduo, afetando sua autoestima, além de suas relações interpessoais.
Além disso, o paciente não percebe o mau hálito, devido a mecanismos orgânicos que discorreremos abaixo.
Por fim, este artigo esclarecerá a origem, causa e tratamento do mau hálito, bem como consistirá em um guia orientador quanto a origem oral, ou do estômago, sobre halitose.
Qual a origem do mau hálito?
O mau hálito é uma condição caracterizada pelo odor desagradável proveniente da cavidade oral.
Embora sua origem seja uma questão duvidosa tanto para dentistas, como para pacientes, o mau cheiro é proveniente da cavidade oral, geralmente.
Logo, considera-se a língua como o local mais comum da origem do problema.
Isso se deve às características morfológicas da língua, onde seu revestimento consiste na existência de papilas, cuja função é levar informações ao cérebro acerca da identificação dos sabores dos alimentos.
Entre as papilas existem pequenas criptas que favorecem o acúmulo de restos alimentares, além de abrigarem restos epiteliais que descamam da língua.
Consequentemente, a existência dessas partículas nas criptas entre as papilas, servem de meio de cultura bacteriano, provocando assim, o mau hálito.
O que pode causar mau hálito?
Existem inúmeras causas possíveis para a halitose, dentre eles, fatores bucais e não bucais.
As causas mais comuns estão relacionadas à má higiene como, por exemplo: doenças periodontais, cáries, saburra lingual e infeções orais.
Por outro lado, as causas não bucais, associam-se a condições respiratórias, distúrbios gastrointestinais, medicamentos, dieta, tabagismo, e condições sistêmicas como diabete e insuficiência renal.
Mau hálito causado por doenças periodontais
O acúmulo bacteriano causador do tártaro e, consequentemente da doença periodontal, influência na ocorrência de mau hálito.
Isso se deve à presença do acúmulo de restos alimentares e salivares que, ao alterarem o pH do meio bucal, favorecem o surgimento da matriz bacteriana.
Com o crescimento desta matriz (o tártaro), na região cervical e interproximal dos dentes, ocorre a cascata inflamatória, aumentando assim, o volume bacteriano e consequentemente o mau hálito.
Contudo, a própria alteração do pH salivar e dos componentes oriundos deste, favorecem a incidência de halitose.
Mau hálito devido à Cárie dentária
Do mesmo modo que o mau hálito relaciona-se com o meio de cultura bacteriano, a cárie é proveniente da bactéria Streptococcus mutans presente no esmalte.
Logo, a presença deste agente etiológico é fator para a existência de mau hálito, além de contribuir para a piora deste estado.
Portanto, o tratamento restaurador, eliminando a presença das bactérias causadas pela cárie dentária, existe como agente remissivo do mau hálito.
Mau hálito causado por infecções orais
Os quadros inflamatórios que acometem a cavidade oral como a tonsilite, por exemplo, causam mau hálito.
Isso deve a presença de bactérias patógenas, que alteram a condição saudável deste meio, gerando assim, odores desagradáveis no meio bucal.
Consequentemente, o uso de medicamentos visando o reestabelecimento da microbiota saudável bucal, extingue o mau hálito, bem como seu odor desagradável.
Vale ressaltar que o uso de antibioticoterapia inibe a replicação bacteriana. Isso quer dizer que, ao mesmo tempo que elimina o patógeno, o faz com a microbiota saudável existente se altere.
Portanto, cuidados pós-tratamento para ideal reestabelecimento da flora bacteriana, diminui as chances de recidiva.
Mau hálito causado por saburra lingual
A língua possui diversas papilas gustativas, assim como foi dito acima. Além disso, as criptas papilares existentes, apresentam-se como depósitos de:
- Restos alimentares;
- Células epiteliais descamadas e
- Placas bacterianas.
Diante da presença destes compostos, ocorre a fermentação destes, que começam a liberar odores de enxofre.
Logo, a saburra lingual, especialmente relacionada a hipossalivação, gera mau hálito e odores desagradáveis ao paciente.
Assim como ocorre a halitose na presença da saburra lingual, ao dormirmos, ocorre uma diminuição fisiológica natural da salivação.
Consequentemente a baixa produção salivar gera aumento na fermentação bucal, causando o comum mau cheiro pela manhã.
Xerostomia
A xerostomia tem etiologia na baixa produção salivar, contudo, está relacionada a fatores bucais, sistêmicos, medicamentosos, ou de ingestão hídrica.
Pacientes portadores de Síndrome de Down, por exemplo, pela própria condição, apresentam xerostomia característica da própria condição.
Logo, são mais susceptíveis a presença de mau hálito, requerendo maiores cuidados na manutenção da higiene oral.
Ademais, a administração de certos fármacos, causam xerostomia, propiciando a ocorrência de halitose.
Os problemas respiratórios causados em decorrência de inflamações e infecções, diminuem o fluxo salivar levando à xerostomia e ao odor desagradável da cavidade oral.
Por fim, e causa muito comum de mau hálito, a xerostomia originária da falta de ingestão de líquidos que, além de gerar a sensação de boca seca, propicia ao desenvolvimento de odores desagradáveis da cavidade bucal;
O cuidado requer a avaliação do especialista, onde, diante do diagnóstico adequado, orienta e adequa ao paciente o reestabelecimento saudável deste paciente.
Além disso, alguns casos diminuem ou regridem a halitose com a administração de saliva artificial, melhorando assim a qualidade de vida e interações sociais do paciente.
Mau hálito causado por má higiene
A mais comum causa de mau hálito no mundo relaciona-se com a higiene inadequada ou inexistente do paciente.
Isso se deve a falha ou falta de remoção de agentes causadores de fermentação bacteriana da parte do indivíduo.
O tratamento inclui medidas preventivas de promoção de saúde bucal, além de tratamentos mais invasivos como a remoção mecânica de placa bacteriana por ponta ultrassônica ou instrumentais de raspagem manual.
Também é aconselhado ao paciente o uso de enxaguante bucal, além do uso de fio dental, após as refeições, e ainda correta escovação.
Além disso, o profissional deve demonstrar e ensinar ao paciente a correta forma de escovação dental a fim da melhora acerca do autocuidado executado pelo paciente em casa.
Por fim, para que a má higiene deixe de ser o fator etiológico causador do mau hálito bucal do paciente, é de suma importância que o profissional conquiste a adesão deste, à prática correta de higiene oral a fim de evitar recidivas.
Mau hálito causado por fatores sistêmicos
Para tratar o mau hálito proveniente de patologias sistêmicas, o dentista deve incluir o paciente em cuidados multidisciplinares.
O trabalho em conjunto com o médico assistente, propicia o diagnóstico diferencial e atende a individualidade do quadro deste paciente.
Logo, tais medidas devem ofertar ao paciente melhora do quadro ou remissão dos sintomas incluindo melhora da qualidade de vida deste.
Como tratar o mau hálito?
O tratamento do mau hálito requer o diagnóstico do dentista.
Embora o mau hálito seja comum, alguns exames auxiliam na busca da causa e tratamento deste incomodo.
Alguns exemplos incluem os seguintes exames diagnósticos:
- Avaliação do odor exalado;
- A medição do fluxo salivar;
- A análise do hálito por cromatografia gasosa;
- Análise microbiológica mediante cultura da saliva e saburra lingual;
- Exames radiográficos e;
- Exames complementares para investigar causas sistêmicas.
É importante ressaltar que tratamentos caseiros sem a avaliação do dentista podem piorar o desconforto causado pelo mau hálito.
Além disso, a falta de diagnóstico pode inferir um tratamento inadequado ao paciente. Portanto, a consulta ao dentista para investigar as causas do mau hálito é essencial.
Por fim, vale ressaltar que a correta higiene bucal, contemplando a escovação, uso de fio dental e raspador de língua, diminui exponencialmente a existência de mau hálito no paciente, facilitando o diagnóstico diferencial caso haja presença de odores desagradáveis neste.