Conforme o ministério da Saúde, periodontite é o acúmulo de biofilme abaixo da gengiva, gerando inflamação no periodonto, o qual é o cemento, ligamento periodontal e osso, sendo estes responsáveis pela sustentação do dente. Os sintomas observados incluem gengiva inchada, vermelha e sensível, além de sangramentos constantes. Nos casos mais graves podem ainda ser observados a retração gengival e a mobilidade dos dentes.
A especialidade odontológica responsável pelo tratamento da periodontite é a periodontia. Deste modo, o profissional da odontologia deve saber diagnosticar e classificar a inflamação a fim de proporcionar ao paciente o tratamento adequado e evitar uma complicação do quadro.
Diferença de periodontite e gengivite
Uma dúvida muito comum entre a população é a diferença entre gengivite e periodontite. Desta forma, é fundamental que o profissional da odontologia esclareça tais questionamentos de forma simples para o entendimento dos indivíduos. A gengivite é o estágio inicial de uma inflamação na gengiva, que é geralmente causado pelo acúmulo de bactérias na região. Esta condição, quando não tratada, pode evoluir para uma periodontite, que é uma inflamação da gengiva capaz de gerar reabsorção óssea e consequentemente promover a mobilidade dentária, que pode evoluir para uma perda do dente.
Diagnóstico da periodontite
O dentista pode diagnosticar a periodontite com alguns métodos, sendo clínicos ou laboratoriais. Primeiramente, durante a consulta, o profissional deve observar a condição nas quais se encontram a gengiva e os dentes do paciente. Se houver algum sinal de inflamação, deve-se realizar o exame com a sonda periodontal. A partir deste, é possível também classificar a condição, permitindo que o dentista tenha uma maior clareza na gravidade do caso. Por fim, o diagnóstico pode ser completo com a realização de um exame laboratorial, a radiografia.
Importância das fotos para a periodontite
O exame radiográfico de imagem é fundamental para o diagnóstico da periodontite. No entanto, além deste uso, o profissional da odontologia pode usá-lo também para entender a progressão da doença ao comparar diferentes imagens tiradas ao longo dos anos. A partir disso, o cirurgião dentista consegue definir os melhores tratamentos para o paciente segundo o seu caso.
Nova classificação da periodontite
A periodontite era classificada pela localização, podendo ser localizada ou generalizada, e pela evolução, sendo aguda ou crônica. No entanto, nos últimos anos, houve a necessidade de mudar esta classificação.
Com a classificação, o profissional da odontologia consegue compreender de maneira mais clara acerca da situação do paciente, assim como realizar os devidos protocolos para tratamento. Diante disso, é fundamental que estes conheçam a nova classificação da periodontite.
Em junho de 2018 foi lançada então a nova classificação da doença, sendo esta:
- Saúde Periodontal, Condições e Doenças Gengivais
- Saúde periodontal e saúde gengival;
- Gengivite induzida pelo biofilme;
- Doenças gengivais não induzidas pelo biofilme.
- Outras condições que afetam o periodonto
- Manifestações periodontais de doenças ou condições sistêmicas;
- Abscessos periodontais e lesões endoperiodontais;
- Condições e deformidades mucogengivais;
- Forças oclusais traumáticas;
- Fatores relacionados ao dente e às próteses.
- Periodontite
- Doenças periodontais necrosantes;
- Periodontite;
- Periodontite como manifestação de doenças sistêmicas.
No que diz respeito à periodontite propriamente dita, esta pode ser classificada quanto a algumas características, sendo estas: estágios, extensão/distribuição e grau de progressão.
Estágios da periodontite
Os estágios da periodontite dizem respeito à severidade da doença. Para realizar essa classificação, o profissional da odontologia deve realizar, via exame de imagem, a perda óssea radiográfica. A partir de então pode calcular a perda de inserção interproximal no pior sítio, ou ainda analisar a perda radiográfica no terço coronal, podendo ser:
- Estágio I: 1-2mm de perda de inserção interproximal no sítio mais afetado ou menos que 15% de perda radiográfica no terço coronal. Ainda, a profundidade de sondagem pode chegar até a 4mm;
- Estágio II: 3-4mm de perda de inserção interproximal no sítio mais afetado ou entre 15 e 33% de perda radiográfica no terço coronal. Ainda, a profundidade de sondagem pode chegar até a 5mm;
- Estágio III: 5mm ou mais de perda de inserção interproximal no sítio mais afetado, ou perda radiográfica no terço coronal estendendo-se até a metade ou terço apical da raiz. Ainda, a profundidade de sondagem pode chegar até a 6mm ou perda dental de até 4 dentes;
- Estágio IV: 5mm ou mais de perda de inserção interproximal no sítio mais afetado, ou perda radiográfica no terço coronal estendendo-se até a metade ou terço apical da raiz. O que diferencia este estágio são as características secundárias, que incluem a perda de 5 ou mais dentes, alterações na mastigação, defeito de rebordo grave e trauma oclusal secundário.
Extensão/distribuição da periodontite
A distribuição da periodontite pode ser:
- Localizada: até 30% dos dentes afetados;
- Generalizada: maior ou igual a 30% dos dentes afetados;
- Padrão molar/incisivo: quando a periodontite atinge apenas os molares ou incisivos.
Grau de progressão da periodontite
O grau de progressão da periodontite é a classificação que organiza os quadros conforme o risco de progressão e os consequentes efeitos à saúde. Este fator é alterado quando se considera os fatores de risco para o desenvolvimento da periodontite, como algumas doenças crônicas e o tabagismo.
- Grau A: reflete um grau de progressão lenta, caracterizado pela perda de inserção por 5 anos ou perda óssea de 0,25mm por ano. Além disso, características secundárias podem ser observadas, como o acúmulo de biofilme com pouca destruição periodontal;
- Grau B: reflete um grau de progressão moderada, caracterizado pela perda de inserção por 5 anos ou perda óssea entre 0,25 e 2mm por ano. Além disso, características secundárias podem ser observadas, como o acúmulo de biofilme com considerável destruição periodontal;
- Grau C: reflete um grau de progressão lenta, caracterizado pela perda de inserção por 5 anos ou perda óssea de mais de 2mm por ano. Além disso, características secundárias podem ser observadas, como a destruição acima do esperado diante do acúmulo de biofilme.
Periodontite como manifestação de doenças sistêmicas
Algumas alterações sistêmicas podem influenciar no desenvolvimento de periodontite, são elas:
- Desordens genéticas;
- Doenças de imunodeficiência adquirida;
- Doenças inflamatórias.
Predisposição à periodontite
Ainda conforme a nova classificação da periodontite, tem-se também alguns fatores de risco que o cirurgião dentista deve considerar no momento da anamnese, pois estes podem afetar a saúde dos dentes.
Alguns riscos são sistêmicos, ou seja, afetam o corpo humano de uma maneira geral, são eles:
- Tabagismo;
- Hiperglicemia;
- Fatores nutricionais;
- Agentes farmacológicos;
- Hormônios esteroides sexuais, afetando indivíduos principalmente na puberdade, gravidez e durante o uso de contraceptivos orais;
- Condições que alterem a produção dos componentes do sangue.
Ainda, os riscos podem ser locais, afetando diretamente a saúde bucal, como:
- Fatores de retenção de biofilme dental;
- Secura bucal.
Conduta do cirurgião dentista
Diante da grande incidência de periodontite, o profissional da odontologia deve se atentar às classificações atuais da doença, assim como saber os melhores tratamentos para cada caso. O cirurgião dentista deve explicar para o paciente todas as questões envolvidas no desenvolvimento da periodontite, não apenas a má higiene bucal. Deste modo, o profissional deve tranquilizá-lo acerca da culpa que pode surgir ao descobrir a doença. Ainda, é importante também que o indivíduo esteja ciente de que, mesmo mantendo a adequada higiene bucal, a doença pode progredir, dado que outros fatores estão relacionados ao desenvolvimento desta.
Deste modo, é fundamental que o dentista desenvolva uma linguagem simples e eficiente a fim de que o paciente compreenda sua situação e possa auxiliar no tratamento ao seguir as medidas indicadas pelo médico.