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Josiane Codental

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Doenças odontológicas

Sialorreia: tudo que você precisa saber!

Sialorreia

A sialorreia é caracterizada pela produção excessiva de saliva, quando o paciente não consegue engolir a quantidade de saliva que produz. Também denominada hipersialose ou ptialismo, pode se tratar de um problema em si, ou o sintoma de outra condição.

Geralmente, o paciente que possui o diagnóstico de sialorreia produz entre 500ml a 2 litros de saliva diariamente, o que desencadeia problemas.

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Existem alguns termos utilizados para sialorreia, dentre eles: aumento de saliva, salivação excessiva, “babação”, “excesso de baba”.

Essa condição, é comum em crianças menores, de até 1 ano e 6 meses. Entretanto, também pode ser comum em crianças em fase de erupção dentária, sendo considerada um problema, apenas se permanecer após os 6 anos.

Todavia, a sialorreia é uma condição muito presente em pacientes que possuem paralisia cerebral. Entretanto, está presente também em outras doenças neurológicas degenerativas, podendo abranger até 80% desses pacientes, comprometendo a qualidade de vida destes.

Tipos de sialorreia

A sialorreia é uma condição que possui diferentes tipos, sendo eles:

  • Sialorreia primária: a sialorreia primária é resultado da hipersecreção das glândulas salivares, sendo uma ocorrência rara e consequência da própria produção excessiva de saliva.
  • Sialorreia secundária: decorrente da alteração do controle dos músculos da face e da língua, afetando diretamente a produção de saliva.
  • Sialorreia emocional: ocorre devido ao desencadeamento de um processo de ansiedade ou estresse muito alto.

Causas da sialorreia

Diferentes condições podem desencadear a hipersialose. Dessa forma, a produção excessiva de saliva pode decorrer de postura inadequada da cabeça e do pescoço, resultando em um fechamento anatômico da boca inadequado.

Além disso, outras condições, como o entupimento do nariz, podem desencadear a sialorreia.

Outros problemas anatômicos, como incontinência labial, problemas ortodônticos, língua volumosa, má oclusão dentária, respiração oral, podem ocasionar essa condição.

Todavia, os problemas neuromusculares são as principais causas. Dessa forma, disfunções neuromusculares ou sensoriais, quadros neurológicos crônicos-degenerativos, principalmente encefalopatia crônica não progressiva, paralisia cerebral, encefalopatia pós-anóxia, Esclerose Múltipla, Parkinson, ELA, quadros agudos, como AVC e TCE.

Entretanto, a sialorreia pode ser decorrência de inflamações como cáries, infecções da cavidade oral, erupções dentárias. Além disso, outras causas incluem DRGE, hérnia hiatal, úlcera duodenal, helmintíases, corpo estranho no esôfago, neoplasias, efeitos colaterais de medicamentos e exposição a toxinas, como iodo, mercúrio, chumbo, etc.

Sialorreia sintomas

A sialorreia leva a babação ou eliminação desta pela cavidade oral, sendo denominada sialorreia anterior. Entretanto, caso se trate de sialorreia posterior, o excesso de saliva é produzido pela faringe e/ou laringe, podendo invadir as vias aéreas inferiores e aumentar o risco de pneumonia aspirativa.

O escoamento da saliva pela boca, no caso de sialorreia anterior, além de causar desconforto físico e alterações comportamentais, também pode desencadear problemas dermatológicos ao redor dos lábios, na face e no pescoço.

Já a sialorreia posterior, que gera acúmulo de saliva na garganta, pode resultar em aspiração de saliva para a traqueia e pulmão, aumentando os riscos de pneumonia aspirativa, devendo haver atenção redobrada nesses casos.

Fatores de risco

Um ponto de atenção são os pacientes acometidos por sialorreia em ambiente hospitalar, uma vez que aspiração salivar crônica compromete a evolução do paciente, principalmente por conta de falhas relacionadas a extubação e infecções pulmonares.

Dessa forma, o processo de reabilitação fototerápico também é prejudicado, já que os estímulos que ocorrem na parte interna da boca são prejudicados, aumentando a salivação e dificultando o manejo desses pacientes hipersecretores, inviabilizando a terapia em muitos casos.

Tratamento para sialorreia

Várias são as opções de tratamento para essa condição, variando entre tratamento fonoterápico, comportamental, ortodôntico, farmacológico, injeção de toxina botulínica, radioterapia e procedimentos cirúrgicos específicos. Dentre os mais usuais, estão:

Tratamento fonoterápico

Algumas técnicas de terapia motora-oral como posicionamento do lábio, língua, mandíbula, postura de cabeça e pescoço, mudança de comportamento mediante biofeedback com eletroestimulação auxiliam o tratamento. 

Entretanto, apesar de ser um tratamento que deve ser considerado, em pacientes com aspiração crônica e estímulos intraorais a quantidade de saliva pode aumentar, dificultando o manejo dos pacientes hipersecretores, inviabilizando essa terapia em muitos casos.

Tratamento medicamentoso

Dentre os tratamentos medicamentosos, o principal grupo utilizado para reduzir o volume da secreção são os com efeitos anticolinérgico, como escopolamina, amitriptilina, atropina, propantelina, dentre outros.

Entretanto, além do efeito de tolerância, aumentando cada vez mais as doses do medicamento, esses medicamentos possuem alguns efeitos colaterais indesejáveis, podendo levar a interrupção.

Dessa forma, dentre os efeitos colaterais que levam à interrupção estão: hipotensões, redução da sudorese, obstipação e retenção urinária.

Portanto, devido aos efeitos adversos, a prescrição desses medicamentos deve ser bastante criteriosa, devendo-se sempre discutir, de maneira multidisciplinar, os riscos e benefícios da manipulação desses medicamentos.

Radioterapia

Destinada geralmente em pacientes idosos, que não podem realizar procedimento cirúrgico e administrar medicação, a radioterapia pode ser uma opção.

Dessa forma, caso seja utilizada, pode durar até 5 anos, podendo resultar em efeitos indesejáveis como saliva viscosa, dor, náuseas, xerostomia e eritema facial.

Tratamento cirúrgico

Usualmente utilizado em crianças que possuem sintomas refratários, já que os riscos inerentes as intervenções cirúrgicas possuem pouca tolerância em pacientes idosos e mais frágeis. Dessa forma, as técnicas utilizadas incluem a remoção das glândulas submandibular e parótidas, deslocamento ou ligadura do ducto submandibular, ou parotídeo e neurectomia trans timpânica.  

Toxina botulínica

A mais recente alternativa de tratamento é a injeção de toxina botulínica nas glândulas parótidas e submandibulares.

Sendo assim, apesar de a toxina botulínica apresentar diversas indicações terapêuticas, a indicação para o controle de sialorreia é recente.

A toxina botulínica, é uma neurotoxina potente, produzida pela bactéria Clostridium botulinum, que atua reduzindo a produção de saliva através da inibição da liberação de acetilcolina nas junções neuro secretoras pré-sinápticas das glândulas salivares.

Portanto, o que destaca essa alternativa de tratamento é sua segurança e eficácia, ação mais duradoura e efeitos colaterais muito reduzidos, se comparado a terapia medicamentosa destinada a essa condição.

Prevenção

A prevenção da sialorreia ocasionada por quadros neurológicos graves ou avançados não é possível. Entretanto, o acompanhamento rigoroso através do exame de FEES e a avaliação clínica periódica, auxiliam na avaliação do melhor momento para intervenção no momento de aumento do volume de saliva.

Sendo assim, o intervalo sugerido para a reaplicação da toxina botulínica varia entre 2 a 4 meses, sendo efetivo, seguro e tolerado entre a maioria dos pacientes.

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